Justiça ouve testemunhas do caso do aluno autista que teria sido agredido pela professora

Justiça ouve testemunhas do caso do aluno autista que teria sido agredido pela professora

Mães de crianças e adolescentes no espectro autista se manifestaram em frente ao Foro Central da Capital em apoio à família do menino

Kyane Sutelo

A mãe do menino vítima no processo, Suzana oliveira, ergue o pano com o qual o filho teria sido agredido e recebe suporte de mães atípicas e apoiadoras da causa.

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A Justiça gaúcha começou a ouvir as testemunhas do caso em que uma professora é acusada de maltratar um aluno autista, de 6 anos, em uma escola privada de Porto Alegre. Vanessa Maciel Pereira foi indiciada pela Polícia Civil por "praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência" e por lesão corporal, e foi denunciada pelo Ministério Público. O crime está previsto na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

O caso ocorreu em agosto de 2022, no Colégio Romano Senhor Bom Jesus, no bairro Jardim Itu. Na primeira audiência, no Fórum Central da Capital, foram ouvidos a mãe do menino, a professora acusada no processo e pessoas que trabalhavam no colégio na época em que a agressão teria ocorrido. O processo tramita em segredo de Justiça.

A mãe do menino lamenta que a acusação não tenha sido de tentativa de homicídio. “Achei que a lei foi muito branda”, disse Suzana Oliveira, que espera a condenação. “Se esse é o mínimo que a Justiça pode fazer, então é isso que eu quero: que ela seja condenada, perca o réu primário e que não tenha mais acesso a nenhuma criança”, afirmou.

Na frente do Fórum Central, diversas mães de crianças e adolescentes no espectro autista se manifestaram com faixas em apoio à família do menino que é vítima no processo. Elas integram o projeto Angelina Luz, comandado por Érika Rocha, que também é mãe atípica. A rede de apoio foi fundamental para enfrentar a situação, conforme Suzana. Érika elogiou a força da mãe da vítima. “O amor é a maior força que existe e o amor de mãe é maior ainda”, disse a amiga.

Entenda o caso

O caso foi registrado na polícia em 23 de agosto de 2022, pelo colégio, e teria acontecido 12 dias antes. A situação veio a público após uma gravação de áudio da própria docente vazar por um aplicativo de mensagens. "Não aguento mais a cara daquele inferno daquele guri. Eu peguei a toalhinha dele, cada vez que ele vinha para cima de mim me cuspir, eu enfiava aquele pano na cara dele", disse ela em um trecho da mensagem.

A docente foi demitida e a escola divulgou nota informando que agiu rapidamente, quando soube do caso, e que comunicou os órgãos competentes. Conforme a defesa da acusada, ela não agrediu o aluno e teria agido em legítima defesa.


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