Líder do tráfico na Vila Jardim é preso em condomínio de alto padrão na zona Norte de Porto Alegre

O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil anunciou, na manhã desta quinta-feira, a captura do foragido Daniel Almeida da Silva, de 37 anos, apontado como um dos líderes da facção oriunda do bairro Vila Jardim, na zona Norte de Porto Alegre. Conhecido como "Dani Boy", o criminoso era procurado desde 2019 e responde por tráfico de drogas, porte de arma de uso restrito, corrupção de menores e associação criminosa, além de ser investigado por envolvimento em pelo menos seis homicídios.

Segundo o delegado Gabriel Casanova,  titular da Delegacia de Capturas (Decap), o traficante passou por diversas cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro, além do Paraguai, antes de ser capturado. "Dani Boy não costumava ficar mais de uma semana no mesmo local, justamente para evitar a prisão ou a ação de grupos rivais", relatou o delegado, que coordenou a ação.  

Após três meses de investigações, ainda de acordo com Casanova, foi constatado que o foragido estava em um imóvel, dentro de um condomínio de alto padrão, no bairro Sarandi. "Diante disso, os policiais passaram a monitorar diariamente o local. Até que, na tarde da última terça-feira, o indivíduo foi visto na sacada da casa. Foi então montada uma operação urgente, a casa foi cercada e ele foi capturado", contou o titular da Decap, acrescentando que na casa foi localizada uma carteira de motorista com sinais de adulteração, que será encaminhada para perícia.


 Delegado Gabriel Casanova, que coordenou a operação de captura do traficante | Foto: Polícia Civil / CP

Quem é Dani Boy

A Polícia Civil aponta que Daniel Almeida da Silva, o 'Dani Boy', é um dos principais aliados de Jackson Peixoto Rodrigues, o 'Nego Jackson', chefe maior da facção oriunda da Vila Jardim, preso em 2017 na cidade paraguaia de Pedro Juan Cabellero e atualmente cumprindo pena no Sistema Penitenciário Federal. Dani Boy é apontado como um dos principais financiadores dessa organização criminosa, ganhando notoriedade a partir de 2016, quando ajudou a coordenar embates contra uma facção rival, essa com berço no bairro Bom Jesus, na zona Leste. 

Na época, Dani Boy era responsável por gerenciar o tráfico de drogas na região conhecida como Ipê dois, no bairro Jardim Carvalho. A localidade foi alvo de disputas entre as duas facções, ocasionando diversas mortes, além do fechamento de escolas e comércios. Durante esse período, ele foi um dos comandantes da gangue "Crias do Ipê", que integrava uma coalizão de bandos menores formada para fazer frente ao poder bélico da facção da zona Leste. "Há informações que Dani Boy teria perdido o controle do tráfico de drogas na região e até os dia atuais tenta retomar o controle", contou o delegado Casanova.

Conforme as investigações, após a prisão de Nego Jackson, Dani Boy passou a exercer novas funções para o crime organizado, passando a atuar no financiamento para a compra de armas e drogas. Ele também foi responsável por costurar alianças com uma facção da Vila 27, na Vila Cruzeiro, e com outra que tem base no Vale dos Sinos. Daniel então passou a ser parte da quadrilha "Família do Sul", que une criminosos da zonas Sul e Norte, ainda em combate contra a facção do bairro Bom Jesus.

Em 2021, após uma série de mortes no bairro Jardim Carvalho, a 5ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (Dhpp), indiciou Dani Boy como principal financiador das mortes ocorridas na região, incluindo um triplo homicídio em fevereiro daquele ano.