Mãe e tios que forjaram sequestro de menino de dois anos vão responder em liberdade

Mãe e tios que forjaram sequestro de menino de dois anos vão responder em liberdade

Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (NUGESP) não aceitou o pedido de prisão preventiva do trio

Marcel Horowitz

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A mãe e os dois tios que forjaram o sequestro do menino Miguel Carvalho dos Santos, de dois anos, na zona Sul de Porto Alegre, vão responder pelo crime em liberdade. Segundo a Polícia Civil, em coletiva nesta segunda-feira, o Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (NUGESP) não aceitou o pedido de prisão preventiva, feito pela corporação e corroborado pelo Ministério Público, mesmo após a prisão em flagrante do trio. 

"Foi solicitada a prisão preventiva, mas eles foram soltos um dia depois [de terem sido presos em flagrante]", afirmou a delegada Caroline Bamberg Machado, diretora da Divisão Especial da Criança e Adolescente (DECA). Ainda segundo ela, os três confessaram a autoria do crime aos policiais, mas se mantiveram em silêncio durante a audiência de custódia. 

Na última sexta-feira, Angela Carvalho, mãe de Miguel, divulgou nas redes sociais que o menino havia sido sequestrado, por homens guiando um Sandero Branco, no bairro Campo Bom. "Acabaram de tirar meu filho de mim [...] Se alguém souber de alguma informação ou ver ele, me avisa ou liga 190. Uma mãe desesperada pede por ajuda nesse momento", escreveu a mulher de 20 anos. 


Angela Carvalho, mãe de Miguel | Foto: Arquivo Pessoal / Redes Sociais / CP

Conforme a delegada Camila Defaveri, titular da 1ª DP da Criança e do Adolescente, a mãe de Miguel imputava a autoria do crime ao ex-cunhado, alegando também ter recebido mensagens do sequestrador. O então suspeito, ex-marido da irmã de Angela, havia sido posto em liberdade um dia antes do suposto sequestro, após ser preso por violência doméstica.

"Levamos o suspeito para a delegacia e conversamos com ele, mas a investigação não se desenvolvia. Analisamos os celulares [do suspeito e dos familiares de Miguel] e descobrimos que as informações não estavam batendo. Identificamos que o chip do celular que partiu a ameaça era da tia da criança", explicou Defaveri. "Então conversamos com a mãe e os familiares e eles nos contaram que levaram a criança para a Restinga", destacou. 

As investigações revelaram que a motivação do crime seria uma disputa judicial pela guarda de outro menino, primo de Miguel, de seis anos. Com o intuito de garantir a guarda do filho, a tia de Miguel, de 32 anos e o companheiro dela, de 30, junto com Angela, planejaram e executaram o falso sequestro.

Os familiares de Miguel então levaram os policias até o "cativeiro" onde ele estava. O imóvel, no bairro Restinga, pertencia a um casal de conhecidos da família, que recebeu R$ 300 para cuidar da criança por dois dias. Os donos da residência alegaram não saber do crime e, por isso, não foram presos. A dupla, no entanto, será investigada no bojo do inquérito policial. 

No sábado, após a confissão, Angela, a irmã dela e o companheiro da irmã foram presos em flagrante por denunciação caluniosa e associação criminosa. O trio também foi enquadrado no artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que tipifica como crime submeter crianças ou adolescentes 'a vexame ou a constrangimento'. 

Com a exceção da mãe de Miguel, os outros dois investigados já possuíam antecedentes criminais. No domingo, mesmo após a confissão do crime, no entanto, os três foram colocados em liberdade. Apesar da soltura do trio, Miguel e o primo vão continuar sob os cuidados da avó materna. 


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