Megaoperação transfere 529 apenados da Cadeia Pública de Porto Alegre para três casas prisionais

Megaoperação transfere 529 apenados da Cadeia Pública de Porto Alegre para três casas prisionais

Objetivo da ação foi avançar na demolição do antigo prédio e prosseguir com a segunda fase das obras

Correio do Povo

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A megaoperação sigilosa de transferência de 529 apenados da Cadeia Pública de Porto Alegre (antigo Presídio Central) para três casas prisionais - Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul, Penitenciária Estadual do Jacuí em Charqueadas e Complexo Penitenciário de Canoas - foi concluída pela Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), com apoio da Secretaria da Segurança Pública (SSP). O objetivo foi avançar na demolição do antigo prédio e prosseguir com a segunda fase das obras da nova Cadeia Pública de Porto Alegre, que terá 1.884 vagas. A previsão da conclusão é para janeiro de 2024.

As remoções dos 529 detentos, coordenadas pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), mobilizaram cerca de 2,6 mil servidores, sendo em torno de 1 mil policiais penais e de 1,6 mil policiais militares, em 300 viaturas, nos dias 11 e 15 deste mês. A Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul ficou com 119 apenados, a Penitenciária Estadual do Jacuí com 289 e a Penitenciária Estadual de Canoas com outros 144. A movimentação foi antecedida pelo remanejo de vagas nas três casas prisionais entre os últimos dias 5 e 9, com outros 253 apenados encaminhados para outros estabelecimentos penais.

As galerias F e A foram esvaziadas e já começam a ser destruídas a partir desta quarta-feira. O antigo Presídio Central abriga ainda 849 presos e permanecem por enquanto os pavilhões B e E, além da cozinha geral.

O Departamento de Segurança e Execução Penal (DSEP) da Susepe foi que coordenou a operação. Os efetivos do Grupo de Ações Especiais da Susepe (Gaes), dos Grupos de Intervenção Regional (GIRs) e da Divisão de Segurança e Escolta (DSE), além de servidores dos estabelecimentos prisionais, foram acionados.

A operação contou com a participação dos efetivos da Brigada Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) estiveram presentes no trajeto dos comboios de escoltas com os apenados que deixavam a Cadeia Pública de Porto Alegre. A Guarda Municipal de Porto Alegre e Canoas também atuaram na ação.

“A operação foi realizada com sucesso nas duas etapas”, avaliou o secretário da SSPS, Luiz Henrique Viana. Ele agradeceu “a colaboração de todos os órgãos e instituições”, incluindo o Poder Judiciário e Ministério Público do Rio Grande do Sul. Elogiou também dos meios de comunicação que “permitiram que o planejamento fosse perfeitamente executado sem que houvesse vazamento”.

Conforme Luiz Henrique Viana, é “um grande investimento que está sendo feito” para a criação de “um novo sistema prisional que será orgulho para todos os gaúchos”, dando “melhores condições de trabalho aos servidores e possibilitará mais dignidade no cumprimento da pena e mais segurança à sociedade”. O secretário da SSPS previu que todo o investimento na área resultará em “um novo marco no sistema prisional”. A inauguração da Penitenciária Estadual de Charqueadas 2, com 1.650 vagas, em junho deste ano, acrescentou, deve “colaborar com todo o sistema”.

Já o secretário da SSP, Sandro Caron, disse que "o que acontece dentro dos estabelecimentos prisionais vai ter reflexo na rua” e, por isso, “não podemos jamais trabalhar no combate à criminalidade e redução dos indicadores sem essa parceria e essa integração”. Durante a operação de transferência dos 529 apenados, várias ações de inteligência foram realizadas “para detectar qualquer situação de risco”.

Por sua vez, o titular da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Mateus Schwartz dos Anjos, lembrou que o esvaziamento do antigo Presídio Central começou nos 21 a 24 de junho de 2022, quando foram retirados 1.013 presos e levados para outras unidades prisionais. Todo o processo, incluindo a transferência agora, foi exitosa na opinião dele. “Não tivemos nenhuma situação fora do esperado e do previsto”, assegurou.

Em julho de 2022 foi deflagrado o início das obras da nova Cadeia Pública de Porto Alegre, que já estão em 50% do trabalho finalizado. Em fevereiro passado, os primeiros três módulos de vivência, com 564 vagas, foram terminados. O investimento total é de R$ 116,7 milhões.

Conforme a SSPS, a parte externa da Cadeia Pública contará com torres de controle e serviços, que abrangem reservatórios, casa de bombas, central de gás GLP, gerador de água quente, de energia e subestação. O setor interno possuirá área construída de cerca de 14 mil metros quadrados, com nove módulos de vivência, onde ficarão as celas e os locais para atividades do cotidiano das pessoas presas como pátio coberto e de sol, além de áreas para visita e atendimento jurídico.

Para totalizar as 1.884 vagas, o local terá 1.866 celas coletivas e outras 18 para pessoas com deficiência. “A nova estrutura possui um diferencial no material utilizado na confecção das celas, que é o concreto de alto desempenho com incorporação de fibras de polipropileno. Essa combinação, quando comparada a obras executadas com materiais convencionais, apresenta maior durabilidade e resistência ao impacto. Isso significa que a integridade da estrutura não será gravemente afetada, mesmo que aconteçam tentativas de depredação por parte dos apenados”, explicou a SSPS em um comunicado.

“Outras vantagens desse material utilizado nas celas e nos móveis são a resistência ao fogo, a incombustibilidade e a baixa condutividade térmica. Assim, o risco de início e propagação do fogo pode ser considerado praticamente nulo. A forma como foi concebido o projeto da unidade e o modo de circulação dos servidores penitenciários em passarela sobre o corredor das celas, com todo o controle de operação e abertura das portas de maneira isolada dos detentos, garantem segurança ao sistema operacional”, acrescentou.

“A nova estrutura possibilitará mais dignidade para os servidores e para as pessoas em cumprimento de pena, além de promover o reforço na fiscalização e no enfraquecimento das organizações criminosas, com a utilização de tecnologias como bloqueadores de celular e radares antidrones”, frisou a SSPS.

Foto: Rodrigo Borba / Susepe / Divulgação / CP

Foto: Rodrigo Borba / Susepe / Divulgação / CP

Foto: Grégori Bertó / Secom / Divulgação / CP

 


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