"Melara era o líder do grupo", lembra corregedora-geral
Especial: 20 anos de motim no Presídio Central
publicidade
• Motim de 1994: Situação fora de controle e pânico em Porto Alegre
• Na Copa de 94, 48 horas de pânico e medo em Porto Alegre
• Poucos fomos ouvidos", diz coronel da BM
Pouco tempo depois, as rádios já noticiavam o princípio de rebelião e a corregedora-geral da Defensoria Pública, Maria de Fátima Záchia Paludo, ouvia as informações, já prevendo que teria que trabalhar naquele caso futuramente. Quando começou a fase de interrogatório, ela passou a atuar na defesa de Bugigão. “Acabei tendo muito contato com ele”, lembra. Porém, nas audiências observava a postura dos demais acusados, que acabaram posteriormente condenados, cada um com uma pena diferente.
Dilonei Melara, por exemplo, se destacava dos outros em função da calma, quase que assustadora. “Eles ficavam em uma posição desconfortável na cadeira, se arrumando, enquanto o Melara era impassível”, descreve. Na opinião dela, Melara, que não foi atendido pela Defensoria Pública, pois tinha advogado particular, era o líder. “Sem sombra de dúvida, ele (Melara) coordenava tudo”, analisa. “Abaixo dele, vinham o Fernandinho e o Bicudo”, ressalta. Maria de Fátima avalia que o grupo tinha um planejamento para sair, mas a partir da passagem do portão não sabia o que fazer.
Bastidores das negociações
O livro que conta os bastidores das negociações do motim do Hospital Penitenciário foi lançado na tarde de ontem. “O Negociador de Reféns”, escrito pelo coronel da reserva Rodolfo Pacheco e pelo jornalista Jeison Karnal da Silva, está dividido em seis capítulos, retomando um dos maiores motins do Rio Grande do Sul, que ontem completou 20 anos. Outros casos de sequestro também são abordados.
Pacheco participou das negociações para a rendição de Dilonei Francisco Melara e Fernando Rodolfo Dias, no Hotel Plaza. Na época, o coronel atuava como capitão e já tinha realizado um curso de negociação três anos antes. Essa experiência foi posta à prova durante o motim. Após o incidente, Pacheco fez duas especializações — na Alemanha e EUA — , o que o fez ser destacado para outros 17 casos com reféns. Dois deles em Canoas e contados no livro.