"Não dá para aguentar o cheiro", reclamou vendedor a fabricante de queijo adulterado

"Não dá para aguentar o cheiro", reclamou vendedor a fabricante de queijo adulterado

Ministério Público divulgou escutas feitas durante investigações da Operação Queijo Compen$ado I

Correio do Povo

Queijo apresentava cheiro que gerava reclamações de clientes

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O Ministério Público (MP) revelou escutas feitas durante a investigação que resultou na operação Queijo Compen$ado I, deflagrada na manhã desta terça-feira para combater fraude na fabricação do derivado lácteo. Em uma das conversas, um dos vendedores reclama para o fabricante - identificado como V - do "fedor" do queijo.

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"Quando vocês vão começar a fazer queijo?", fala o vendedor ao fabricante no começo da conversa. Em seguida, ele reclama do cheiro. "Tu já cheirou? Os clientes querem devolver. Não dá para aguentar o cheiro desse queijo. Está horrível, todo quebrado por dentro e fedendo. Está todo mundo reclamando. Desde a semana passada, as caixas brancas estão todas com problemas. As vermelhas estão boas", disse.

Ao ouvir a reclamação, o fabricante insinua que o problema pode estar nas embalagens já que apenas uma apresenta o problema. "Então é na embalagem que está dando problema, tem que olhar isso daí. Se a embalagem branca está diferente", afirmou.

Em outra escuta, o mesmo fabricante aparece acertando a combra de amido de milho. De acordo com informações do MP, o produto era adicionado ao leite rejeitado na indústria para a fabricação do queijo. A mistura deixava o produto com um odor muito forte e gerava mofo em uma velocidade acima do normal. Por conta da adição de amido, o queijo não derretia. O esquema era repetido em três tipos de queijo: mussarela, lanche e ricota.

A adulteração do queijo era feita em Três de Maio e o transporte até Ivoti era sempre realizado aos sábados, durante a madrugada. O caminhão usado para o transporte tinha a companhia de um carro de passeio que funcionava como batedor, geralmente conduzido por um dos donos da empresa. A partir daí, o produto era fatiado e distribuído para estabelecimentos do Estado.

Nesta manhã, foram presos os donos da Laticínios Progresso - pai e filho - e um representante da empresa. De acordo com o MP, um motorista de um caminhão que transportava o queijo para Ivoti foi alvo de uma medida cautelar adversa, que significa que o suspeito não poderá deixar o Estado e terá um horário para estar em casa. A ofensiva também chegou ao gabinete da Secretaria Municipal de Agricultura de Três de Maio e causou o afastamento do secretário, suspeito de favorecer a empresa. Um fiscal do produto, que atuava em Estância Velha, também foi afastado do cargo pelo mesmo motivo.

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