“Não passava sentimento de fúria e parecia assustado", diz professor

“Não passava sentimento de fúria e parecia assustado", diz professor

Juliano Mantovani impediu que jovem de 17 anos atingisse crianças em escola de Charqueadas

Correio do Povo

Juliano trabalha há 16 anos na escola

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Os gritos de alunos do Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand, em Charqueadas, durante o horário de aula na tarde desta terça-feira, despertaram a atenção do professor de educação física da escola, Juliano Mantovani. Por volta das 13h15min, ele correu para ver o que se passava em uma das salas e se deparou com um adolescente atacando as crianças com uma machadinha. Sem pensar muito, partiu em imediato para impedir o agressor, que, mais tarde, foi identificado como um ex-aluno de 17 anos.

“Ele não passava aquele sentimento de fúria, parecia estar muito assustado. Tanto que quando eu consegui tirar a machadinha ele não esboçou nenhuma agressão contra mim, se assustou e decidiu correr”, explica o profissional, que relata que foi "cego para cima dele". "Sou pai de duas crianças e tenho certeza que qualquer pai teria feito a mesma coisa", disse, celebrando que não houve feridos graves.

Quando partiu em direção do jovem, Juliano, que trabalha há 16 anos no local, conseguiu pegar a machadinha e uma garrafa que ele tinha na outra mão. Na ação, se desequilibrou e caiu, enquanto o agressor correu em fuga. “Saí atrás, mas não consegui alcançar porque ele correu muito mais do que eu. Quando ele chegou no portão, os outros alunos vieram gritando que os colegas estavam sangrando muito”, relatou, explicando que foi ajudá-los.

Conforme a polícia, o jovem foi para a casa de seu pai e contou o que tinha feito. O pai optou por entregá-lo à delegacia da cidade. Em seu depoimento, o adolescente confessou o crime e comentou que havia sofrido bullying na escola. Também disse que o ataque em Suzano, em março, o inspirou. De acordo com o professor, o jovem era um estudante calmo.

Para voltar às aulas, disse que é importante conversar com as famílias e alunos. “As escolas são seguras. Alunos e pais devem saber que estão em um local seguro”, disse. Contudo, criticou a forma como a educação é percebida pelas famílias brasileiras. Para ele, falta parceria e ligação mais profunda entre a base de casa e das escolas. “Famílias deixam a responsabilidade apenas para professores. Se isso (parceria) existisse não teríamos esse tipo de fato", defendeu.

* Com informações das repórteres Laura Gross, da rádio Guaíba, e Franceli Stefani


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