Nove presos que escoltaram traficante em Caxias do Sul ganham liberdade provisória

Nove presos que escoltaram traficante em Caxias do Sul ganham liberdade provisória

Grupo montou caravana para acompanhar saída do traficante ‘Xuxinha’ da Penitenciária do Apanhador

Marcel Horowitz

Grupo foi detido com armamento de grosso calibre quando escoltava homem apontado como líder de facção

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O 1º Juizado da Vara Criminal de Caxias do Sul concedeu liberdade provisória a nove suspeitos de integrar uma facção. Eles foram presos na terça-feira, quando acompanhavam um homem que acabara de sair da Penitenciária Estadual do Apanhador. A informação é do portal Petrus News.

Os presos faziam parte de um comboio formado por um Renault Sandero, dois Chevrolet Celta e uma moto Yamaha. O grupo seguia Felipe Linck da Silva, o Xuxinha, de 24 anos. Ele havia progredido para o regime aberto, mesmo sendo apontado como liderança do tráfico.

Quando a caravana foi abordada por soldados do 4º Batalhão de Polícia de Choque e do Comando da Brigada Militar na Serra, Xuxinha pulou para fora do Sandero, ainda em movimento. Houve troca de tiros e ele acabou sendo baleado três vezes.

O criminoso, que vestia colete à prova de balas, foi atingido nas pernas. Ele foi hospitalizado e não corre risco de morrer.

Foram apreendidos um revólver calibre 38, uma pistola calibre .380, uma espingarda calibre 12 e uma pistola calibre 9 milímetros, de uso restrito, além de munições. Também foram localizados R$ 3,7 mil e porções de maconha.

Seis homens vão responder por porte ilegal de arma de fogo, em liberdade. O restante do grupo, incluindo duas mulheres, não vai responder criminalmente. Um adolescente que estava com o bando também foi liberado. Xuxinha é o único que teve prisão decretada, por tentativa de homicídio.

O Correio do Povo contatou o juiz Mauro Peil Martins, responsável pela decisão. O magistrado afirma que Polícia Civil e Ministério Público não forneceram provas de que os presos eram de uma facção ou que iriam cometer crimes. O juiz também destaca que não foi comprovado que Xuxinha era chefe do grupo.

"Ele é apontado como líder de facção mas, na ocorrência que recebi, não há provas disso além de uma frase. Também não me foi dito a que fim os presos o acompanhavam e nem se estavam juntos na intenção de cometer crimes. O Felipe havia sido solto. Acompanhar alguém que foi colocado em liberdade não é crime, não há como enquadrar eles”, disse Martins.

Ainda de acordo com o juiz, a lei garante que os acusados de porte ilegal de armas possam responder em liberdade. “Por quanto tempo eu os deixaria presos, se a acusação contra eles não levaria ao regime fechado? Também não tenho como prender as pessoas que estavam em outros carros, onde não havia armas. Quem comete crime deve ser tirado de circulação, desde que esteja relacionada à prática de um crime que acarreta prisão. Foi o caso do Felipe, que foi preso por atirar contra os policias.”

Segundo as forças policiais, Xuxinha é um dos líderes da facção Manos da Serra. O grupo tem vínculos com uma organização criminosa oriunda do Vale do Sinos, mas que também criou ramificações em Caxias do Sul.

O que dizem as defesas

A defesa de Angélica Rocha Bettes e Jéssica Porto da Fonseca pediu a liberdade provisória sob o argumente de que se tratam de mães com filhos menores de doze anos. Elas também seriam rés primárias, sem indicativos de que voltem a cometer ilícitos, segundo a tese.

A defesa de Gabriel Silva Ferreira sustentou de que se trata de preso sem antecedentes, com residência fixa.

A defesa de Felipe Linck, o Xuxinha, pediu a revogação da prisão em flagrante, alegando se tratar de ato nulo, considerando, em tese, a ilegalidade da busca pessoal e veicular sem mandado judicial. Ainda, afirmou que não há indícios de materialidade acerca do delito de homicídio tentado, bem como alegou que o custodiado sofreu violência policial. A reportagem ainda tenta contato. O espaço permanece aberto.

A defesa de Andriel Tavares Arruda postulou liberdade provisória do custodiado, diante da ausência de objetos apreendidos. Além disso, referiu se tratar de preso sem antecedentes e filha que depende de seu sustento.

A defesa de Vinícius de Oliveira, Igor Farias, Douglas Brum e Gabriel Flain postulou o relaxamento da prisão, concedendo liberdade provisória. Alternativamente, a concessão requerida mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação, com a expedição de alvará de soltura.

A defesa de Leonardo Rafael dos Reis dos Santos se manifestou requerendo sua soltura, com base no fato de ser primário, sem antecedentes e com residência fixa, além de não haver materialidade nos crimes.


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