Ofensiva com 900 policiais mira irmãos que ordenavam homicídios na região Metropolitana

Ofensiva com 900 policiais mira irmãos que ordenavam homicídios na região Metropolitana

Organização criminosa também atuava no tráfico de drogas e na exploração de jogos de azar

Marcel Horowitz

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Polícia Civil, Brigada Militar e Susepe deflagraram a Operação Triunvirato, nesta sexta-feira, em combate a uma facção com base no Vale do Sinos. A ação, que conta com 900 policiais, cumpre 143 ordens de busca e apreensão e 42 mandados de prisão preventiva nos municípios gaúchos de Gravataí, Cachoeirinha, Porto Alegre, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo, Cachoeira do Sul e Viamão, além de Florianópolis, em Santa Catarina. No decorrer das diligências, até às 12h15min, 33 pessoas já haviam sido presas.

Os suspeitos são investigados por participação em um esquema que envolvia tráfico de drogas e armas, extorsões, assassinatos por encomenda, torturas e exploração de jogos de azar. A ação também resultou na apreensão de 119 máquinas caça-níqueis, além de cargas de cigarro e entorpecentes. "O foco da operação é desarticular o grupo, agindo desde o topo da pirâmide criminosa até a base", afirmou a delegada Fernanda Amorim, titular da Delegacia de Homicídios de Gravataí.

A delegada conta que a investigação teve início em 2020, após a prisão de dois traficantes que torturavam um rival, no município da região Metropolitana.  Fernanda conta que, durante o crime, a vítima teve as pontas dos dedos cortadas e um pedaço do cérebro extraído, durante uma sessão de tortura transmitida por chamada de vídeo ao líder do grupo, um detento que assistia às imagens dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).

"As torturas ocorreram dentro de um veículo", relatou a policial.  "A vítima só não morreu por conta de moradores, que ouviram gritos e chamaram a Brigada Militar, que efetuou a prisão em flagrante." 


Aproximadamente 900 policiais participaram da operação | Foto: Polícia Civil / CP

Fernanda, que comandou as investigações, explica também que os desdobramentos dessa tentativa de homicídio revelaram que a dupla era parte de um esquema interestadual de tráfico de drogas, extorsão e exploração de jogos de azar. A delegada explicou ainda que, além do detento que comandava o grupo, dois irmãos dele também tinham posições de liderança na hierarquia da facção.

"Eles se dividiam em núcleos hierárquicos responsáveis pela contabilidade e pela auditoria dos lucros provenientes do tráfico de drogas. Os líderes também geriam os territórios de influência da facção e davam coordenadas de expansão territorial, o que envolvia confrontos com outras organizações criminosas", afirmou a delegada. "Além do tráfico, eles também tinham outros modos de capitalização, como a exploração de jogos de azar. Era uma verdadeira 'empresa' do crime", ressaltou a delegada.

Conforme o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, essa é a maior ofensiva contra homicídios realizada pela corporação em dez anos. “Um forte impacto será causado a essa organização criminosa que realizou e autorizou homicídios no estado. A atuação integrada é fundamental para causar a responsabilização dos criminosos, principalmente lideranças. Essa é uma das medidas que fazem parte do nosso plano operacional, em vigor desde fevereiro de 2022", enfatizou. 

Quem é o líder da facção

De acordo com a apuração do Correio do Povo, o líder do esquema é Vinícius Antônio Otto. Conhecido como 'Vini da Ladeira', ele cumpre pena de 41 anos de reclusão na Pasc, onde também foi alvo de busca e apreensão na Operação Triunvirato. Os irmãos dele, João Paulo Otto e Eduardo Otto, também são alvos da operação. Até às 11h30min, ambos continuavam foragidos.


 Vinicius Otto, o "Vini da Ladeira' | Foto: Polícia Civil / CP

Vinícius foi apontado como o mentor do "Caveirão da Morte",  apreendido em setembro de 2014. Segundo as investigações, cerca de 30 rivais do traficante foram mortos dentro do veículo, um Honda Civic adaptado que continha uma câmara de tortura. 

A ascensão de Vini da Ladeira teve início em janeiro de 2015, após a morte de Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, outro líder da facção do Vale do Sinos. Preso em abril daquele ano, Vini continuou exercendo o forte influência no grupo, mesmo encarcerado na galeria 2, no Pavilhão B, do então Presídio Central.

Também ainda em 2015, o traficante foi transferido para a Pasc, onde permanece preso desde então. No entanto, segundo as forças de Segurança, ele continua sendo um dos integrantes mais influentes da facção do Vale do Sinos. 


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