Operação combate tráfico de armas utilizadas em conflito indígena no Norte do RS

Operação combate tráfico de armas utilizadas em conflito indígena no Norte do RS

Ação mira grupo que fornecia armas para confronto na reserva indígena de Cacique Doble

Marcel Horowitz

Grupo que fornecia armas para indígenas em conflito é alvo da PF

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A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, a Operação Óplo. A ação visa desarticular um grupo criminoso, investigado por tráfico e comércio ilegal de armas de fogo e munições, na região Norte do Rio Grande do Sul. Segundo a corporação, as armas fornecidas pelos suspeitos foram utilizadas em conflitos na reserva indígena de Cacique Doble.

Os agentes cumprem 12 ordens judiciais. Nove mandados de busca e apreensão ocorrem nos municípios de Passo Fundo (1), Cacique Doble (2), Ibiaçá (2), São João da Urtiga (1), São José do Ouro (1), Sananduva (1) e Machadinho (1). Além disso, três mandados de prisão preventiva são cumpridos em Passo Fundo, Cacique Doble, e Sananduva.

A investigação teve início a partir de prisão em flagrante de um indígena, residente no município de Cacique Doble, em fevereiro do ano passado. Ele foi preso por atos de violência contra policiais da Força Nacional de Segurança.

Com o avanço da apuração, a PF identificou a existência de um grupo criminoso envolvido no comércio ilegal de armas de fogo e munições. Os investigados tem conexões na região de fronteira do Brasil com o Paraguai, onde parte do armamento seria adquirida para posteriormente abastecer o mercado ilegal da região Norte do RS. As armas fornecidas pelo grupo foram utilizadas em conflitos na Terra Indígena Cacique Doble.

A ação foi intitulada “Óplo”, porque a palavra significa “arma”, em grego. A operação conta com o apoio do 3º Batalhão de Choque da Brigada Militar de Passo Fundo e do Setor de Fiscalização de Produtos Controlados do 29º GAC do Exército Brasileiro, sediado em Cruz Alta.

Os conflitos na Terra Indígena Cacique Doble ocorrem há pelo menos 12 anos, oscilando entre períodos de calmaria e acirramento. A motivação do confronto está ligada ao comando do território. Cerca de 1,3 mil pessoas da etnia Kaigang vivem na reserva.

Atualmente, dois grupos disputam o cacicado. A mais recente onda de violência teve início em agosto de 2022, quando quatro indígenas foram vítimas de tentativas de homicídio por disparos de armas de fogo. Durante a investigação da PF, três membros do grupo que liderava a reserva foram presos preventivamente. Após as prisões, houve o estabelecimento de uma nova liderança, mas as guerras continuaram.

Diversos crimes foram registrados, como tentativas de homicídio, lesões corporais, danos, porte ilegal de arma de fogo e ameaças. Também há indícios de formação de milícias privadas, motivados pela disputa entre grupos rivais.


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