Operação contra golpe do cartão prende oito em Porto Alegre e São Paulo

Operação contra golpe do cartão prende oito em Porto Alegre e São Paulo

Organização criminosa teria causado prejuízo superior a R$ 420 mil

Correio do Povo

Operação contra estelionato prende oito em Porto Alegre e São Paulo

publicidade

Um sofisticado golpe aplicado contra clientes de cartões de crédito, cujos prejuízos ultrapassam os R$ 420 mil, foi desvendado pela 3ª DP de Porto Alegre. Oito estelionatários, sendo três paulistas e cinco gaúchos, foram presos e outros três estão sendo procurados pela equipe do delegado Hilton Müller Rodrigues. A operação Privilege ocorreu na Capital e Viamão, além de São Paulo, e cumpriu 12 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira.

Houve o recolhimento de documentos, cartões de créditos e respectivas máquinas, computadores com softwares e celulares, entre outros. Todo o material será periciado. Cerca de 50 policiais civis foram mobilizados. Na ação ostensiva deflagrada ao amanhecer de ontem, o delegado Hilton Müller Rodrigues foi para capital paulista onde ficava a base da quadrilha, enquanto o delegado Tiago Baldin ficou no Rio Grande do Sul, onde estava localizada a ramificação da organização criminosa.



As investigações, relacionadas aos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa cometidos pela quadrilha, duraram cinco meses e vão prosseguir em uma nova fase. De acordo com o delegado Tiago Baldin, em torno de 30 clientes de cartões de créditos atingidos pelo golpe já foram identificados na área de jurisdição da 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre. Uma das vítimas perdeu R$ 48 mil. No entanto, ele avaliou que o número de vítimas deve ser muito maior pois o esquema criminoso foi aplicado também em outras regiões da cidade.

Atraídos com uma compra suspeita

O golpe iniciava por um telefonema, através de uma linha fixa em São Paulo, feito para a vítima em potencial que estava em casa, sendo a mesma alertada da ocorrência de uma compra suspeita que fugia do padrão habitual da pessoa. A ligação era feita em nome da central de segurança dos cartões Visa e Master. “Eles entravam em contato diretamente com as pessoas”, destacou o delegado Tiago Baldin, referindo-se ao fato de que todo o esquema fraudulento não passava pelas empresas do setor. A vítima confirmava que não havia procedido nenhuma compra e recebia então orientação para digitar a senha no teclado do telefone e cortar ainda o cartão de crédito em dois, sem danificar o chip, pois o mesmo havia sido bloqueado. “A vítima acreditava que estava sendo protegida”, assinalou. Depois, a vítima deveria entregar os restos do cartão de crédito, junto com uma carta na qual contestava a suposta compra ilegal, para um ‘motoboy’ enviado pela companhia à residência, pois era um “cliente especial”.

Com a senha e o chip, os estelionatários remontavam o cartão de crédito e efetuavam compras de eletroeletrônicos, saques e até empréstimos em Porto Alegre. Integrantes da quadrilha na capital paulista viajavam com essa finalidade para a Capital e retornavam depois com as mercadorias adquiridas, repassando-as aos receptadores. O delegado Tiago Baldin observou que as informações privilegiadas sobre as vítimas em potencial, repassadas para São Paulo, teriam diversas origens e estão sendo agora apuradas. Uma delas, porém, já foi constatada. A gerente de uma imobiliária obtinha no banco de dados da própria empresa e encaminhava a São Paulo. “Faziam uma análise do perfil dos clientes”, afirmou.

Caso a vítima desconfiasse de algo, os criminosos mandavam que ligasse para o telefone verdadeiro da central de atendimento da companhia que constava no verso do cartão de crédito. A vítima desligava o telefone, mas eles retinham a ligação no outro lado da linha. A pessoa levantava o gancho e ouvia o áudio do tom de espera de discagem e, após teclar os números reais da central de atendimento, ouvia na verdade uma gravação típica de operadora de cartão de crédito, sendo atendida e dissipada sua desconfiança.

“Eles têm conhecimento de como operava uma central de atendimento ao cliente”, disse o delegado Tiago Baldin, manifestando desconfiança, dicção e oratória de que algum dos investigados tenha trabalhado nesse setor devido à desenvoltura com que falava pelo telefone com as vítimas, convencendo-as. “Vamos aprofundar as investigações”, concluiu o delegado Baldin. 

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895