Operação contra lavagem de dinheiro bloqueia R$ 10,4 milhões em bens de organização criminosa

Operação contra lavagem de dinheiro bloqueia R$ 10,4 milhões em bens de organização criminosa

Policiais cumpriram ordens judiciais em Soledade, Arvorezinha, Fontoura Xavier e Lagoão

Felipe Samuel

Durante a operação, 14 veículos foram apreendidos pela Polícia

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A Polícia Civil prendeu nestq auinta-feira três lideranças de uma organização criminosa que atua na região de Soledade, nas Missões. As prisões são decorrentes da segunda etapa da Operação Monopólio, que também cumpriu 32 mandados de busca e apreensão, além de bloqueio de contas bancárias e indisponibilidade de 23 bens imóveis e 14 veículos que, somados, ultrapassam o valor de R$ 10,4 milhões. As investigações apontam que a quadrilha se utiliza do tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

A operação realizada nas cidades de Soledade, Arvorezinha, Fontoura Xavier e Lagoão contou com 225 policiais civis e militares e dois bombeiros militares. Conforme a titular da Delegacia Regional de Soledade, delegada Fabiane Bittencourt, as investigações iniciaram em 2021 e se estenderam por mais de dois anos. Segundo Fabiane, a organização criminosa atua principalmente na região de Soledade. “Entre os presos, estão lideranças do tráfico na região. Dois tinham sido presos diversas vezes pela Polícia, mas continuavam traficando”, afirmou.

De acordo com a Polícia, um advogado era o principal operador financeiro no esquema de lavagem. Ele advogava em favor dos membros da facção, recebendo valores mensalmente por seus honorários. Servidores Públicos também participavam do esquema, como "laranjas". “O advogado e o irmão dele foram presos. São donos de uma revenda de veículos utilizada para lavar dinheiro”, explicou. Um homem segue foragido. Conforme Fabiane, entre as empresas “de fachada”, há vários segmentos: revenda de veículos, barbearia, mercado e boate.

“Um investigado tinha 20 contas corrente”, destacou, ressaltando que todas foram bloqueadas pela Justiça. De acordo com as investigações, a lavagem de dinheiro era realizada através de diversas práticas criminosas, como a utilização de contas de “laranjas” para armazenar e transferir grandes volumes financeiros, envolvimento de terceiros que guardam dinheiro em espécie, utilização de empresas “de fachada" e de empresas “fantasmas”, além de compras reais e simuladas de bens móveis e imóveis.

“Um dos indivíduos investigado tinha R$ 4 milhões entre imóveis e veículos sem nunca ter trabalhado na vida”, ressaltou. As investigações ainda apontam que os criminosos também negociavam cavalos de raça em transações para ocultação de patrimônio. O grupo utilizava uma técnica denominada “reverse flips”, que consiste em simular a valorização ou lucro a partir de venda de bens móveis ou imóveis. Imóveis de usuários de drogas eram adquiridos com preços abaixo do valor de mercado, visando esconder a origem ilícita do dinheiro no suposto lucro da venda.

Durante a operação, a polícia apreendeu R$ 23.845,00 em espécie, 14 veículos, como Fiat/Toro, Honda/HRV, e Ford/Fusion, 2 revólveres, sendo de calibres .357 e .38, 27 munições intactas. Em Soledade, 18 imóveis se tornaram indisponíveis em três bairros: 9 no Botucaraí, 8 no bairro Fontes e 1 no Missões. Em Arvorezinha, um imóvel ficou indisponível, assim como em Lagoão. Diversos documentos referentes a lavagem de dinheiro foram apreendidos, como celulares, computadores, pen drives, cheques, procurações, receitas médicas carimbadas e contratos "de gaveta".


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