Operação da Polícia Civil contra golpe dos nudes tem 32 presos em 15 cidades gaúchas
Investigação da DP de Esteio apontou que quadrilha teria extorquido mais de R$ 2,5 milhões das vítimas
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A Polícia Civil prendeu 32 envolvidos no golpe dos nudes na manhã desta quinta-feira com a deflagração da operação X-Con III em 15 cidades do Rio Grande do Sul. A quadrilha teria extorquido mais de R$ 2,5 milhões das vítimas.
Cerca de 250 agentes cumpriram 122 ordens judiciais, incluindo 39 ordens de prisão, 44 mandados de busca e apreensão, além de 39 bloqueios financeiros e quebras de sigilo bancário.
A ação foi coordenada pela titular da DP de Esteio, delegada Luciane Bertoletti. No sistema prisional, as ordens judiciais tiveram como alvos sete apenados recolhidos na Penitenciária Estadual de Canoas 4, Penitenciária Estadual do Jacuí, Presídio Regional de Passo Fundo e Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas. Houve apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe)
Estão sendo investigados os crimes de extorsão e associação criminosa. A apuração começou em maio do ano passado. O ponto inicial foi o afastamento de um sigilo bancário de uma das contas utilizadas para o golpe que tinha movimentado R$ 357 mil em quatro meses, em nome de uma mulher egressa do sistema penitenciário.
“A partir daí analisamos transferências efetivadas e constatamos que outros tantos indivíduos haviam sido beneficiados, direta e indiretamente pelos valores oriundos do golpe. Percebemos que, na sua totalidade, esses beneficiários tinham relacionamento direto com presos e ex-presidiários faccionados”, observou a delegada Luciane Bertoletti.
“Cumpre observar que, nas contas bancárias analisadas, a Polícia Civil verificou inúmeras transações, transferências, saques, pagamentos, depósitos, atividades de movimentação financeira do grupo criminoso que são exercidas justamente pelos indivíduos que gozam de liberdade”, acrescentou. A titular da DP de Esteio frisou ainda que foram identificados 38 indivíduos que, associados entre si, praticavam extorsões nas vítimas, muitas delas com as residências monitoradas e até fotografadas pelos criminosos. Algumas residiam inclusive em outros estados.
Já o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado Mario Souza, destacou que “foi uma importante ação contra o crime” e que “é fundamental as pessoas que forem vítimas dessas tentativas não aceitarem a chantagem e procurar a Polícia Civil”.
Golpe
O golpe dos nudes consiste em um primeiro contato ou por uma rede social ou pelo aplicativo WhatsApp, onde uma pessoa jovem e bonita instiga uma vítima a trocar mensagens de cunho sexual e fotos íntimas. Na sequência, outra pessoa se apresenta como pai da jovem, dizendo que a filha é menor de idade e a conduta da vítima é caracterizada como um crime de pedofilia.
O suposto pai pede para não denunciar, ou seja, para não levar o fato ao conhecimento de um delegado, o que acarretaria consequentemente na prisão da vítima, que precisa então depositar dinheiro.
Na maioria das vezes, após o recebimento de valores, o golpista continua exigindo dinheiro sob alegação de que haverá a necessidade de submeter a filha a tratamento psicológico. Na exigência do depósito de valores, a vítima e familiares são ameaçados de morte.
De acordo com a Polícia Civil, é bastante comum também a presença de uma quarta pessoa envolvida, que se apresenta como policial, muitas vezes com fotos e nomes reais retirados das redes sociais. Essa afirma que está sendo registrada uma ocorrência, e que será expedido mandado de prisão contra a vítima, deixando-a desesperada e fazendo com que deposite mais dinheiro aos golpistas.
