Operação desarticula esquema de tráfico e extorsão na região Metropolitana

Operação desarticula esquema de tráfico e extorsão na região Metropolitana

Agiotas ligados a facção foram alvo de ofensiva coordenada por policiais da 1ª DP de Canoas

Marcel Horowitz

Operação Paranhos contou com 250 policiais civis

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Cerca de 250 policiais civis participaram da Operação Paranhos, deflagrada nesta terça-feira, na região Metropolitana. O alvo foi uma facção envolvida em extorsões, tráfico de drogas e agiotagem. Até o momento, 22 pessoas foram presas.

A ação englobou 102 ordens judicias, sendo 28 prisões preventivas, 44 mandados de busca e apreensão e 30 bloqueios de ativos financeiros. As diligências tiveram foco em Canoas, município que é base do grupo criminoso, mas também ocorreram em Viamão, Novo Hamburgo, São Sepé, Estância Velha, São Leopoldo e Portão.

Mandados também foram cumpridos na Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej) e na Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa), onde estão os mandantes do grupo. As medidas tiveram apoio da Polícia Penal.

A operação foi coordenada por agentes da 1ª DP de Canoas, sob comando do delegado Marco Guns. Ele explica que os suspeitos são ligados a uma facção com base no Vale do Sinos, mas que também criou ramificações em Canoas.

"No sistema prisional atuam os gerentes da facção. Eles conversavam entre si e faziam intercâmbio do lucro obtido com extorsões e pontos de tráfico, localizados em Canoas e em cidades do Vale do Sinos, como São Leopoldo. A ficha criminal deles soma antecedentes por crimes violentos”, destacou Guns.

A ofensiva ocorreu após oito meses de investigação e foi desdobramento da Operação Extorsor, também coordenada pelo delegado Marco Guns, no ano passado. Ao longo de três fases, entre março e outubro de 2023, as ações identificaram um grupo de agiotas que extorquia devedores.

As vítimas, ainda segundo Guns, eram pessoas endividadas, principalmente após a pandemia, que recorriam a empréstimos. A maior parte delas não sabia que o dinheiro emprestado era de uma facção.

Tráfico e agiotagem

O diretor da DP regional de Canoas, delegado Cristiano Reschke, destacou que a equipe investigativa fez a coleta de 70 mil documentos. Foram analisados comprovantes bancários, fotos, vídeos, áudios e outros dados telemáticos, o que confirmou a existência de 30 criminosos associados ao esquema.

"As investigações revelaram a junção entre traficantes e agiotas. Essa é uma fórmula que produz juros exorbitantes e formação de dívidas impagáveis. As vítimas eram alvo de violência psicológica extrema, feita por pessoas que prestam ‘serviços de cobrança’ ao tráfico. Para isso, os criminosos empregavam armamento pesado e crueldade na prática de ameaças”, afirmou Cristiano Reschke.

Os investigados tinham como base o bairro Rio Branco, em Canoas. Eles teriam movimentado, entre março e julho de 2023, mais de R$ 3 milhões em pontos de tráfico na região. A suspeita é que, no mesmo período, eles tenham adquirido e vendido mais de 100 quilos de crack e cocaína.

O delegado adiciona que há comprovação que traficantes apoiavam financeiramente agiotas atuantes em Canoas. Entre as provas, está um apartamento de luxo, um duplex com piscina, localizado em Novo Hamburgo. A compra do imóvel, avaliado em mais de R$ 1 milhão, teria ocorrido a partir dos lucros do tráfico e da agiotagem.

Relembre os casos

Um dos alvos do grupo criminoso foi uma família que morava em Porto Alegre. No caso, as vítimas sofriam extorsões mesmo após as dívidas terem sido quitadas. Elas acabaram deixando o RS, depois de entregar o terreno e a casa onde moravam aos criminosos.

Outra vítima foi um morador de Canoas. O homem foi sequestrado e levada para a localidade conhecida como Prainha do Paquetá. Ele foi torturado e espancado, além de ter sido alvo de ameaças com arma de fogo. Na ocasião, os criminosos queriam fazer o homem confessar uma dívida inexistente e fornecer a senha de seu celular, o que acabou ocorrendo.

Ainda em Canoas, o avô e a mãe de um jovem foram obrigados a transferir um automóvel ao bando. As vítimas também tiveram que assinar 48 notas promissórias.


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