Operação prende mais de 140 suspeitos de integrar milícia no Rio de Janeiro

Operação prende mais de 140 suspeitos de integrar milícia no Rio de Janeiro

Entre os detentos, dois são soldados do Exército, da Aeronáutica e um bombeiro

Correio do Povo

Prisões ocorreram em um sítio em Santa Cruz, onde o bando participava de uma festa

publicidade

Uma megaoperação da Polícia Civil do Rio de Janeiro de combate à milícia no sábado terminou com quatro mortos, 142 presos e sete menores apreendidos. Entre os detentos, dois são soldados do Exército, um da Aeronáutica e um bombeiro. O grupo, conhecido como “Liga da Justiça”, é considerado o mais perigoso em ação no Rio. Além de cometer assassinatos e cobrar taxas ilegais de segurança a moradores, os milicianos possuem acordos com traficantes para a venda de drogas e para o roubo de cargas nos territórios sob seu controle. As prisões ocorreram em um sítio em Santa Cruz, onde o bando participava de uma festa.

No local, os agentes encontraram dez carros importados roubados, 13 fuzis, 15 pistolas, quatro revólveres, uma granada e fardamentos semelhantes aos usados por militares. De acordo com a Polícia Civil, entre os suspeitos presos na ação não foi identificado nenhum policial militar.

As investigações, de acordo com as autoridades, apuraram que o sítio era usado como uma espécie de QG da milícia. Era da propriedade que eles saíam para suas investidas em outros bairros da zona Oeste da cidade. Os policiais civis resolveram agir, aproveitando que a milícia estava realizando uma festa VIP. Havia pulseiras com o nome do evento, ingressos numerados e copos com o tema da festa. Com a invasão dos agentes, houve intenso tiroteio. Quatro milicianos morreram no local.

O secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, salientou que esta não será a única investida contra o crime organizado. Outras intervenções contra milícias serão realizadas. “Outras operações já estão sendo planejadas e serão executadas em curto prazo. O Rio precisa voltar a ser uma terra feliz, de um povo feliz e trabalhador”, enfatizou.

Com as prisões, o chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, disse que a maior milícia do RJ, chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, ficará enfraquecida, embora o líder tenha conseguido escapar, pulando um muro com auxílio de uma escada. Ecko é irmão de Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, miliciano morto em abril do ano passado durante uma operação na Polícia Civil. Carlinhos era um dos criminosos mais procurados do Rio. Ele comandava o tráfico de drogas em comunidades da zona Oeste e atuava no controle de vans que circulam da região. “Vamos atuar incessantemente contra a milícia. Outras operações virão. Não tivemos nenhum policial ferido, e quem resistiu à ação da força policial resistiu com fuzil e teve a resposta necessária. Não vamos recuar”, advertiu.

Contra-ataque


Em represália, criminosos atearam fogo à estação do BRT Cesarão 3, em Santa Cruz. Por meio de nota, o BRT informou que a operação do corredor TransOeste foi interrompida às 5h20min para “preservar a segurança de funcionários e clientes do BRT”.

De acordo com a Polícia, as milícias atuam em 11 municípios da Região Metropolitana do Rio, em área de 348 quilômetros quadrados, 1/4 da área total da capital fluminense, onde vivem 2 milhões de pessoas que são coagidas a usar o transporte oferecido pelas organizações criminosas, além de pagar por segurança privada, ser forçada a utilizar a operadora de TV por assinatura ofertada pelos bandidos, de comprar gás e cesta básica comercializados pela milícia.

Os presos responderão por organização criminosa, formação de quadrilha, receptação de veículos e porte ilegal de armas. Os acusados foram encaminhados ao Complexo Penitenciário de Bangu.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895