Pai de adolescente morto a tiros diz que ele sofria ameaças

Pai de adolescente morto a tiros diz que ele sofria ameaças

Vítima de 15 anos foi assassinada quando descia do ônibus, na Capital

Paulo Tavares/Correio do Povo

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O pai do estudante Matheus Avragov Dalvit, de 15 anos, morto a tiros ontem, relatou que na última segunda-feira o adolescente foi ameaçado de morte. Segundo o instalador de internet André D’Ávila Dalvit, o irmão de Matheus foi a um mercado, onde foi abordado por dois adolescentes. Um deles teria perguntado se ele era Matheus e, como o jovem negou, o interlocutor disse que queria acertar algumas coisas com a vítima.

“Quando o meu filho (o mais novo) se virou e foi andando, escutou um dos rapazes dizer que mataria o Matheus”, contou o pai. O fato que reforça uma das hipóteses levantadas pelo delegado Andrei Vivian, da Delegacia de Polícia Para Criança e Adolescentes (Deca), de que o crime teria sido premeditado.

Matheus será sepultado na manhã desta quinta-feira, no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. Ele foi baleado quando descia do ônibus, indo para casa. Um menor de 14 anos foi apreendido na manhã desta quarta-feira. No início da tarde, um revólver calibre .38 foi encontrado no pátio da casa do menor acusado. O delegado pediu a internação dele.

Dalvit descreveu o filho como uma pessoa calma, que ficava bastante em casa. Separado há 7 anos, ele tinha algum contato com o filho, que tinha problemas neurológicos. Davilt afirmou que, há dois anos, Matheus era vítima de bullying na escola devido a sua estatura muito alta para uma garoto de sua idade e o seu peso ser acima do indicado. “A situação piorou do ano passado para cá”, afirmou o pai. “Ele sofria bullying, sendo discriminado e hostilizado”.

Dalvit contou que a mãe do adolescente foi à escola reclamar da situação, mas nada foi feito. Segundo ele, tanto o diretor quanto as professoras sabiam o que estava ocorrendo com o seu filho. O instalador de internet relatou ainda que o filho aguentava os insultos, em um primeiro momento pedindo para que parassem. Mas, como isso não acontecia, havia agressões físicas de ambas as partes.

“Raras vezes ele brigou e, quando o fez, foi dentro da escola”, afirmou. “Devido ao físico dele, nunca vinha um para lhe agredir”, disse, revelando que, há 15 dias, o filho mais novo também foi agredido na escola. Na ocasião, ele foi derrubado e chutado. “Fui lá para reclamar e registramos ocorrência no Deca”, afirmou. “Mas, até o momento, nada foi feito”.

O pai de Matheus disse querer justiça para o caso. Segundo Dalvit, atualmente existe uma certa permissividade. “As pessoas, em especial os jovens, matam, pintam e bordam e não acontece nada com eles”, desabafou. “Este rapaz ficará algum tempo preso e logo é solto e pode voltar a matar alguém”.

Polícia

O delegado Andrei Vivian disse não estar tratando o crime como bullying. O menor, que confessou o crime no Deca, afirmou que a vítima teria agredido um amigo seu e ele resolveu “tomar as dores” desse amigo, que também estudava na 6ª série, junto com Matheus. O adolescente apreendido não estava estudando.

No entanto, o policial não afasta a possibilidade de que o assassinato tenha sido premeditado ou que o acusado tenha envolvimento com outros crimes. “Um adolescente andando armado, aquela hora da noite é estranho”, considerou o delegado.

“Se alguém presenciou o crime, que entre em contato conosco para podermos esclarecer melhor”, pediu Vivian, afirmando que, até o final da tarde, nenhuma testemunha havia ido ao Deca. Na hora do crime, 23h10min, a parada estava vazia.

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