Pai desabafa sobre morte de Rafael ao depor em 2º dia do Júri: "Porque não deu para eu criar?"

Pai desabafa sobre morte de Rafael ao depor em 2º dia do Júri: "Porque não deu para eu criar?"

Ex-namorado de Alexandra e irmão da vítima também se manifestaram

Paulo Tavares

Julgamento segue no RS

publicidade

O segundo dia do júri do caso Rafael Winques, em Planalto, no Norte do Estado, teve o depoimento mais esperado do julgamento: o do pai de Rafael, Rodrigo Winques, que foi ouvido a partir da tarde desta terça-feira. Ele recordou como era o relacionamento com Alexandra e com Rafael. “Sempre paguei direitinho a pensão”, afirmou. “A minha vida ficou muito ruim com a perda do meu filho, fiquei muito triste”, acrescentou o pai, recordando que o relacionamento era bom, que se falavam pelo WhatsApp, apesar de não poder visitar com frequência o menino, pois o seu serviço na roça não lhe dava muito tempo. “Eu visitava o meu filho a cada dois meses ou um pouco mais”.

Rodrigo contou que não esteve em Planalto na semana anterior à morte de Rafael e que soube do desaparecimento do filho por Alexandra, que lhe ligou usando o celular do menino. O pai afirmou ter ficado com raiva da ré. “Todo pai ia ficar. Porque não deu o Rafael para eu criar?”.

No início da manhã, o julgamento foi retomado com depoimento de Delair Pereira de Souza, ex-namorado de Alexandra Salete Dougokenski. Delair contou detalhes do relacionamento com ré e relatou como a então companheira reagiu ao desaparecimento do menino. Souza disse que Alexandra tem que dizer o que houve. “Só ela vai poder falar a verdade. Acho que está mais do que na hora de ela falar a verdade. Por todo sofrimento que ela está causando para a sua família e para o Rafa poder descansar em paz”, afirmou. O homem se emocionou ao lembrar que foi investigado como suspeito da morte de Rafael. Durante o depoimento, a juíza Marilene Campagna negou pedido da defesa de diligência para intimação de uma nova testemunha. O depoimento de Souza durou uma hora e meia.

Em seguida, foi a vez do irmão de Rafael, Anderson Vinicius Dougokenski. Ao chegar à sala do júri, ele foi abraçado por Alexandra, que chorava muito. Em seu depoimento, ele afirmou ter ficado desesperado com o desaparecimento do irmão e recordou como era a convivência da família na época em que Alexandra ainda era casada com o pai de Rafael.

Após um intervalo, Anderson continuou sendo ouvido. Ele afirmou que Rodrigo tentava impedir que o menino fizesse contato com a família. O jovem relatou que após a separação do casal, Rafael não queria mais saber do pai. “Ele dizia que o Delair era um pai para ele”, recordou. “Minha mãe não teria coragem de matar Rafael. Peço aos jurados que prestem atenção no que minha mãe e Rodrigo disserem, pois este caso foi muito mal investigado”.

Também foram ouvidos Isailde Batista, mãe de Alexandra, Alberto Moacir Cagol, irmão da ré, e a perita criminal Bárbara Zaffari Cavedon. A juíza Marilene Campagna encerrou a sessão às 19h10min. O júri retorna na manhã desta quarta-feira.

Caso

Rafael Mateus Winques desapareceu em 15 de maio do ano passado. O corpo foi encontrado dez dias depois, em uma caixa de papelão colocada no terreno da casa vizinha ao lado da que residia com a mãe e o irmão, no bairro Medianeira, em Planalto. A causa da morte indicada pela perícia foi asfixia mecânica, provocada por estrangulamento.

A denúncia contra Alexandra, que confessou à polícia a autoria do assassinato do filho, foi recebida pela Justiça em 13 de julho de 2020. Ela responde por homicídio qualificado e outros três crimes conexos - ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895