Paim divulga nota oficial sobre material nazista que o ameaçava

Paim divulga nota oficial sobre material nazista que o ameaçava

"Continuarei a minha luta para que todos os preconceitos e discriminações sejam eliminados em nosso país", diz o documento

Correio do Povo

Dono da residência terá prisão preventiva pedida

publicidade

O senador Paulo Paim divulgou uma nota oficial no fim da tarde desta sexta-feira quanto ao material neo-nazista aprendido pela Polícia Civil, em Porto Alegre. Reeleito na última eleição, ele prometeu não se calar diante da ameaça implícita recebida. No início da tarde, ele já havia dito que não iria reforçar a sua segurança.

Entre o material aprendido na capital gaúcha, tinha um vídeo. Nas imagens, que se posicionam contra o sistema de cotas para negros na universidades, aparecem afro-descendentes agredindo policiais, fazendo arrastões e roubando lojas. Quase no final, aparece a pergunta: “somos nós ou nossos descendentes responsáveis por isso?”, e em seguida corta para a imagem de Paim. No final, aparece o símbolo nazista da suástica. O dono da residência, que não estava no local, terá a sua prisão preventiva pedida.

Confira a íntegra da nota

"Se eles pensam que com este movimento vão calar a minha voz no Congresso Nacional, que sempre foi e será, em defesa dos discriminados, sejam eles negros, brancos, índios, ciganos, evangélicos, católicos, de matriz africana, judeus, palestinos e daqueles que lutam pela livre orientação sexual, estão enganados. Pelo contrário. Continuarei a minha luta para que todos os preconceitos e discriminações sejam eliminados em nosso país. Se o material elaborado por essas pessoas foi feito para me intimidar ou prejudicar, isso não aconteceu, pois não me intimido e tampouco os gaúchos. Lembro que há oito anos fui eleito para o Senado com 2 milhões de votos e o povo gaúcho numa demonstração de repúdio a esse tipo de atitude neonazista me reelegeu com quase o dobro de votos, 3.9 milhões. Sou o único senador negro eleito e reeleito na história da República Brasileira. Sei das minhas responsabilidades perante este momento. É inadmissível que em pleno século 21, quando os Estados Unidos elegeram um negro presidente, a Bolívia um índio presidente e o Brasil uma mulher presidente, nós tenhamos que conviver com situações como a ocorrida hoje em Porto Alegre. Tenho absoluta certeza que atitudes como essa não são aceitas pelo povo gaúcho e brasileiro. Não vou exigir segurança pessoal como foi levantado. Pretendo sim, realizar uma audiência pública aqui no Senado no dia 19 de novembro, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra com a presença da OAB, CNBB, Ministério da Justiça, Direitos Humanos, Movimento Negro".

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895