Pais vão do desespero ao alívio em hospitais após envenenamento de alunos

Pais vão do desespero ao alívio em hospitais após envenenamento de alunos

Trinta e sete pessoas teriam sido intoxicados por raticida em escola da Capital

Luiz Sérgio Dibe/Correio do Povo

Pais vão do desespero ao alívio em hospitais após envenenamento de alunos

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A romaria de pais e mães em busca de informações sobre a saúde dos estudantes povoou os pronto-atendimentos da Lomba do Pinheiro, da Vila Bom Jesus e do Hospital de Pronto Socorro (HPS). Eles queriam saber o estado de saúde de 22 crianças que foram intoxicadas no almoço da Unidade de Ensino Fundamental Pacheco Prates, cuja comida teria sido envenenada com um raticida.

A presença de policiais militares no ambiente denunciava a intensidade dramática do fato. Conforme a pediatra Marjorie Garlow Hebmuller, que monitorou a saúde de 15 crianças na UPA da Lomba do Pinheiro, o atendimento às supostas vítimas de intoxicação foi prioritário. O mesmo ocorreu para 10 adultos e 7 crianças na Bom Jesus e 5 adultos no HPS.

O gerente comercial Arlei Pereira não escondeu o alívio ao saber que a filha caçula, Eduarda, de 12 anos, apresentava boa recuperação. Mais cedo, ele chorou ao ser informado na frente da escola de que a menina estava na lista dos removidos para socorro médico. “Ela vai ficar bem. Estamos assustados e surpresos, porque aquela é uma boa escola”, lamentou. A família vive no bairro Belém Velho há 40 anos.

Marjorie explicou que a substância Nitrosin altera o fator de coagulação do sangue, podendo ocasionar hemorragias. Entre as crianças, as evidências eram menos acentuadas. “Alguns não apresentam sintomas. Outros sentiram dor de cabeça, dor na barriga e náusea. Estes foram medicados. Os demais serão monitorados até que o risco esteja descartado”, disse.

O coordenador de urgência da Secretaria Municipal de Saúde, Jorge Osório, informou que todos os pacientes tiveram sangue coletado para análise clínica. Um exame foi feito para verificação do fator de coagulação. “O caso foi notificado à Central de Informações Toxicológicas. Outro exame será feito em 72 horas para descarte de riscos”, explicou.

Panela de estrogonofe teria sido fonte da intoxicação criminosa

A comunidade do Belém Velho viveu um drama inimaginável, até a tarde desta quinta-feira, quando um ônibus foi chamado à Unidade de Ensino Pacheco Prates para transportar 37 crianças e professores sob a suspeita de que eles haviam sido envenenados. O fato aconteceu durante o almoço. Salada, batata e estrogonofe estavam no cardápio da instituição, que atende a 603 estudantes e funciona naquela comunidade desde 1941.

O ingrediente causador do mal estar apareceu na forma de grânulos cor-de-rosa, os quais foram preliminarmente identificados pela Polícia Civil como o agente raticida chamado Nitrosin. O fato ocasionou comoção e grande preocupação entre a comunidade escolar. Desde o começo da tarde, pais e mães deixavam seus afazeres e corriam ao colégio para saberem de seus pequenos. Quando chegavam perto da entrada da escola, deparavam-se com ambulâncias do Samu e viaturas da Brigada Militar, Polícia Civil, Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e Instituto Geral de Perícias (IGP).

Diante da porta, policiais controlavam a liberação das crianças que não tinha ingerido a refeição contaminada pela substância usada para matar ratos. Com uma lista de nomes manuscritos em suas mãos, um agente da Volante noticiava aos parentes sobre quais crianças tinham sido encaminhadas a unidades de atendimento de urgência em três bairros da Capital.

A delegada Clarissa Demartini, esclareceu o que, até então, era um mistério para a comunidade aflita. “Encontramos dois envelopes da substância Nitrosin junto com uma tesoura, que provavelmente foi usada para abrir as embalagens. O veneno, que se apresenta em forma de grânulos, estava misturado na panela com estrogonofe. Os grãos estavam bastante visíveis, pois foram hidratados pelo líquido presente na comida”, analisou.

Segundo Clarissa, a investigação trabalhará com a hipótese de um ato criminoso ou acidental. Todo o material foi recolhido para exames no IGP. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios e Desaparecidos do Deic. Em Nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que poderá instaurar procedimento administrativo de investigação diante da confirmação da presença de veneno na merenda servida ontem na escola.

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