PCC pagava "mesada" a 220 assassinos e líderes presos da facção

PCC pagava "mesada" a 220 assassinos e líderes presos da facção

Investigação aponta que a gratificação era maior de acordo com a "missão" cumprida pelo criminoso

R7

Mega operação ocorre em 19 estados e Distrito Federal

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Ao menos 220 assassinos e membros presos do alto escalão do PCC (Primeiro Comando da Capital) recebiam uma mesada da facção criminosa por “missões” cumpridas em nome do grupo. As informações foram reveladas pela Polícia Federal, na manhã desta segunda-feira, após deflagrar a maior operação contra uma facção criminosa no país. A ação acontece em 19 Estados e no Distrito Federal.

Sem revelar valores, já que o processo ainda corre em segredo de Justiça, o delegado Alexsander Castro de Oliveira, da Polícia Federal  (PF), explica que a gratificação era paga de acordo com o grau de responsabilidade da "missão". "O valor é tabelado. Se a facção determinou que, por suposição, ele executasse um juiz e o suspeito fosse condenado e enviado para o sistema prisional, ele recebe um valor. Para outras ações, o valor é outro."

Os investigadores mapearam pagamentos feitos aos 220 envolvidos no esquema pelo menos desde janeiro de 2018. Boa parte dos criminosos recebiam os valores por meio de "laranjas", que forneciam as contas bancárias para colaborar no esquema. 

De acordo com PF, a facção criminosa tem um departamento responsável por cuidar apenas destes casos. A sessão é conhecida dentro da organização como "Setor de Ajuda".

Megaoperação

A operação Caixa Forte 2, que dá continuidade à ação deflagrada em 2019, identificou que os pagamentos foram feitos por meio de 252 contas bancárias. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 1 milhão em cada uma delas nesta manhã.

A ação cumpre 422 mandados de prisão preventiva e 201 de busca e apreensão, em mais de 90 cidades. A maior parte deles é destinada a investigados nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Segundo a Polícia Federal, foram encotrados aproximadamente R$ 6 milhões em notas nacionais e em dólares, na casa de um dos suspeitos, na cidade de Santos, no interior de São Paulo. A operação realizada pela Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) também foi coordenada pela Polícia Civil de Minas Gerais, já que a primeira fase foi investigada no Estado.

O delegado Murillo Ribeiro, da Polícia Civil, explicou que um dos objetivos foi conseguir enfraquecer o grupo criminoso ao atacar diretamente a base financeira do grupo. "Foi possível apontar não só a participação em organização criminosa, mas também um esquema de lavagem de dinheiro. Esses recursos são provenientes, na maior parte, do narcotráfico."

Retaliação

O delegado Alexsander Castro de Oliveira, da Polícia Federal, explicou que ainda há mandados para serem cumpridos, mas não foi possível informar quantos.

Questionado sobre o risco de uma retaliação por parte de membros do PCC, como os ataques ocorridos em 2006, em São Paulo, o agente esclareceu que a corporação se prepara para evitar os problemas. "Esses ataques de 2006 foram em retaliação a uma ameaça de remoção dos presos. Essa remoção foi feita em 2019. Todos imaginávamos que haveria um confronto como em 2006, o que não acabou ocorrendo. Mas estamos atentos às movimentações e realizando trabalhos de inteligência para nos dar pistas sobre algo que possa a vir ocorrer", afirmou.


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