PCC quer usar coronavírus para libertação em massa de presos

PCC quer usar coronavírus para libertação em massa de presos

Facção quer que integrantes que tenham HIV, diabetes, tuberculose ou doenças cardíacas respiratórias e imunodepressoras sejam enviados para prisão domiciliar

Estadão Conteúdo

Facção quer a substituição das prisões temporárias por tornozeleiras eletrônicas

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O Primeiro Comando da Capital (PCC) determinou que seu departamento jurídico – a chamada sintonia dos gravatas – procure, em razão da pandemia de Covid-19, integrantes da facção que tenham HIV, sejam diabéticos, tuberculosos ou tenham doenças cardíacas respiratórias e imunodepressoras. Os advogados devem pedir prisão domiciliar para esses detentos, não importando os crimes que eles praticaram.

O documento – um salve da cúpula da facção – foi interceptado pela inteligência da polícia de São Paulo nesse sábado. A organização criminosa ainda orientou seus advogados – os gravatas – a pedir regime domiciliar para gestantes e lactantes e para os presos que cometeram crimes sem violência. Por fim, a facção quer a substituição das prisões temporárias por tornozeleiras eletrônicas e a progressão adiantada da pena para quem já cumpriu a maior parte do que era previsto em regime fechado.

Essa é a primeira manifestação da facção desde o começo da pandemia. Há duas semanas, 1,3 mil detentos fugiram de quatro presídios de regime semi-aberto depois que a Justiça proibiu a saída temporária deles na Páscoa.  O Ministério Público Estadual (MPE) acredita que a facção deve inundar as varas de execuções criminais do Estado com pedidos de libertação.

Em São Paulo, a Justiça também limitou o número de visitas para cada preso a uma única pessoa como forma de controlar a disseminação da covid-19. Por enquanto, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) não constatou nenhum caso da doença entre os 230 mil presos do Estado – há somente casos suspeitos. Já entre os funcionários há um agente na Praia Grande, no litoral paulista, que foi diagnosticado com o novo coronavírus.

Libertação em massa

Em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, a juíza Sueli Zeirak decidiu soltar 61 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Tremembé. A decisão foi tomada na sexta-feira, 27, com base em um pedido feito pela Defensoria Pública. Além do CDP de Tremembé, a juíza é responsável pelas penitenciárias de Potim 1 e 2, Caraguatatuba e São José do Campos. Entre os presos soltos, estão 29 traficantes de drogas, oito assaltantes, cinco homicidas, cinco estelionatários, quatro furtadores, quatro receptadores e seis detentos presos por outros crimes.

O perfil dos libertados mostra que 19 tinham 60 anos ou mais – o mais velho deles tinha 83 anos e havia sido condenado a seis anos de prisão por homicídio. Havia ainda entre os soltos 17 detentos entre 40 e 59 anos, 15 com 30 a 39 anos e, por fim, dez com menos de 30 anos. 

Quanto às doenças que mais motivaram a libertação estão a hipertensão (19 casos), tuberculose (8 casos), bronquite (6), HIV (56) e diabetes (5). Mas há entre os soltos até um preso que alegava ter enxaqueca. Trata-se de um traficante de drogas condenado a sete anos de prisão e que tem 61 anos.

 

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