Perito aponta que mãe de Bernardo pode não ter escrito carta de suicídio

Perito aponta que mãe de Bernardo pode não ter escrito carta de suicídio

Exame grafoscópico comparou texto com agenda do médico Leandro Boldrini

Cintia Marchi

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A carta encontrada na bolsa de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo Boldrini, no dia de sua morte em 2010 pode ter sido escrita pela secretária de Leandro Boldrini, Andressa Wagner. A constatação foi indicada em laudo do perito Marco Baptista, que atua no Tribunal de Justiça do Estado há mais de 30 anos e desde a morte de Bernardo, em abril de 2014, investiga o caso a pedido da Rede Record. A divulgação foi feita no sábado no programa Fala Brasil da TV Record com a matéria do repórter Frederico Vilhar.

Por meio de um exame grafoscópico comparando a carta e a agenda do médico, Baptista atestou que a carta foi escrita por Andressa Wagner. “Encontramos as convergências através da inclinação axial e da construção morfológica das palavras e das sílabas, que não deixam a menor dúvida de que ela foi autora da carta de Odilaine”, garante. As semelhanças encontradas ficam claras, principalmente, na grafia das letras E, L e D. “As grafias na carta e nos registros são convergentes e apontam que os dois documentos foram feitos pela mesma pessoa: Andressa Wagner. Ela está tentando modificar, falsificar a grafia da Odilaine, mas não consegue pelas características individuais de escrita”, explica o perito.

O caso pode ter uma reviravolta. Para Baptista, esse é mais um indício de que o inquérito precisa ser reaberto. “Provavelmente, o inquérito precisa ser refeito, pois há muitas dúvidas. A posição do corpo na sala leva a uma suspeita da presença de uma terceira pessoa no local, além de Odilaine e Leandro, outra questão é uma pessoa destra apresentando resíduos de pólvora na mão esquerda”, exemplifica.

De acordo com o advogado da mãe de Odilaine, Marlon Taborda, até quarta-feira, a prova pericial deve ser agregada aos dois pedidos de reabertura do inquérito que aguardam a análise do Ministério Público desde novembro de 2014. Com essa, são quatro provas. Outro pedido foi formalmente apreciado. “O laudo é de grande importância. Porque além de comprovar que a carta não foi escrita por Odilaine, mostra uma possível autoria da mesma”, ressalta Taborda.

Andressa Wagner colaborou com a acusação na segunda audiência da morte de Bernardo. Ao ser questionada pelo Ministério Público ela incriminou a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini. Andressa não foi encontrada para comentar o caso. A avó materna do menino, Jussara Uglione afirma ter certeza que a carta não foi escrita pela filha Odilaine. Sobre a suspeita da grafia ser de Andressa, Jussara diz que “nunca desconfiou”. “Tive pouca relação com essa pessoa. Devo ter visto ela uma ou duas vezes. Eu ainda estou muito fragilizada, só espero justiça e que a verdade venha à tona”.

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