Pesquisa do Ipea aponta que uruguaios buscam maconha no Brasil

Pesquisa do Ipea aponta que uruguaios buscam maconha no Brasil

Levantamento que, teve participação da Ufpel, mostrou que início do uso se dá pelo álcool

Correio do Povo

Levantamento que, teve participação da Ufpel, mostrou que início do uso da maconha se dá pelo álcool

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira uma pesquisa, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas e outras instituições, avalia efeitos da regulação do mercado de maconha nas cidades de fronteira do Uruguai com o Brasil. No levantamento sobre as práticas de consumo de drogas, a partir da entrevista de 97 usuários, foi identificado que com o aumento da repressão na região a cannabis teve um aumento de preço e que uruguaios, não cadastrados no país vizinho, atravessam a fronteira para comprar o produto.

A pesquisa apontou ainda que o início do uso se dá entre 7 e 14 anos pela utilização do álcool, dentro do ambiente familiar e muitas vezes por meio de familiares. A experimentação da cannabis se dá de dois a cinco anos depois do início de uso de outras substâncias.

Nas cidades brasileiras, foram identificadas 48 pontos de consumo de substâncias ilegais e observados 667 usuários de cannabis, sendo sua maioria aparentemente de jovens entre 15 a 25 anos (84,1%), do sexo masculino (91,7%) e de cor branca (65,8%). O uso é predominante ocorre no turno da noite (64,2%), sendo 91,4% fazem a utilização do tipo compartilhado. No momento do uso, observou-se que 21,2% também faziam uso de álcool e 27,8% de tabaco.

Os entrevistados apontaram que, nos últimos dois anos, houve diminuição de circulação da substância, causando aumento de preços. Além disso, revelaram que optam por comprar de terceiros para evitar o contato com traficantes e por medo de abordagens policiais.

Quanto às características dos pontos de uso, 32,2% dos lugares possuíam boa manutenção e 40% boas condições de limpeza. Os principais locais de utilização observados no levantamento foram praças e parques (69,9%), com bancos públicos (74,2%) e monumentos (53,3%). A ocorrência de prostituição (3,3%) e tráfico (6,6%), assim como de policiamento (9,3%), nestes locais, mostrou-se baixa.

Gaúchos se sentem mais inseguros do que catarinenses em suas cidades

Na pesquisa quantitativa domiciliar foram levantados dados relativos à vitimização e percepção social sobre segurança e política de drogas em municípios do Rio Grande do Sul que fazem fronteira com Uruguai, municípios do Rio Grande do Sul que não fazem fronteira com Uruguai e municípios de Santa Catarina. Ao todo, foram realizadas 2.036 entrevistas.

Na pesquisa, em comparação com o estado vizinho, os gaúchos se sentem mais inseguros em sua cidade, embora não tenham sido encontradas diferenças significativas entre as taxas de vitimização, o que indica que outros fatores podem estar afetando a sensação de segurança. O Uruguai é considerado um país seguro pela maioria daqueles que conhecem o país, principalmente, pelos residentes no Rio Grande do Sul.

A pesquisa revelou, ainda, que 55,61% dos entrevistados presenciaram o consumo de alguma substância entorpecente ou psicotrópica. As principais substâncias citadas foram: maconha/haxixe (52,6%), crack (14,85%) e cocaína (13,65%). No Rio Grande do Sul, há maior frequência de exposição ao consumo de maconha, comparativamente a Santa Catarina.

Entre os entrevistados, 52,36% dos entrevistados são favoráveis à legalização da maconha para fins medicinais, 9,97% são favoráveis à legalização para fins recreativos e para 8,02% dos entrevistados o tráfico de drogas deveria ser combatido com a legalização das drogas. De forma geral, Santa Catarina mostrou-se relativamente mais favorável à legalização.

Em relação ao impacto da nova política uruguaia sobre segurança, 17,72% consideram que houve piora da segurança em território vizinho. Já 41,17% dos entrevistados avaliam que houve piora da segurança em sua cidade, principalmente, pelo aumento de consumo de maconha em espaços públicos.

Em 2017, serão realizadas a segunda rodada da pesquisa de vitimização e percepção social em políticas sobre drogas na fronteira brasileira com o Uruguai e a avaliação, mensuração e análise da trajetória dos níveis de criminalidade em delitos de drogas e a estes associados. Para isso, será executada pesquisa quantitativa em autos findos de ações judiciais, tanto na Justiça Federal, quanto na Justiça Estadual.

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