PF cumpre mandados no RS e SC em investigação de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Ordens judiciais são cumpridas em Santa Maria, Restinga Seca, Júlio de Castilhos, Caçapava do Sul e Arroio dos Ratos
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Com o objetivo de desarticular uma organização criminosa, a Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, ações de combate ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro. Durante a Operação Maturin, os policiais cumpriram 20 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. São executadas ordens judiciais para sequestro de bens, encerramento de empresas de fachada e bloqueio de valores em contas bancárias. Pelo menos 14 pessoas foram presas.
A ação mobiliza 120 policiais federais, que contam ainda com apoio de servidores da Receita Federal e de policiais militares (Brigada Militar) e penais (Susepe). No Estado, a ação se concentra cinco municípios: Santa Maria, Restinga Seca, Júlio de Castilhos, Caçapava do Sul e Arroio dos Ratos. Em Santa Maria, local com maior número de investigações, os policiais cumpriram 15 mandados de prisão e outros 21 de busca e apreensão. Em Palhoça, Santa Catarina, a PF cumpriu um mandado de prisão e um de busca e apreensão.
De acordo com o delegado Leonei Moura de Almeida, da Polícia Federal, o grupo criminoso estava estabelecido em Santa Maria. “O alvo principal estava estabelecido aqui há pelo menos seis anos. A investigação iniciou a partir de um cardárpio de drogas bastante variado que circulava em aplicativos de mensagens instantâneas. E chamou atenção a diversidade e variedade de drogas oferecidas. É uma investigação complexa, porque havia uma série de artifícios que o bando utilizava para se furtar da atuação policial, como o uso de telefonia criptografada”, explica.
Conforme a Polícia Federal, concomitantemente, são executadas medidas voltadas à descapitalização do grupo, como sequestros de veículos e imóveis, apreensão de bens e encerramento de empresas de fachada, em valor estimado superior a R$ 2,5 milhões, e o bloqueio de valores em contas bancárias. A investigação teve início em agosto de 2022, a partir do encontro de um “cardápio de drogas” em investigação sobre moeda falsa.
A apresentação do cardápio, a quantidade e diversidade das substâncias oferecidas chamou atenção dos investigadores, levando à instauração de novo inquérito policial, com foco específico no tráfico de drogas. Diligências indicaram que a venda de entorpecentes no varejo ocorria através de aplicativos de mensagens e que a entrega era operacionalizada por moto taxistas capitaneados pela organização. Todos os envolvidos se utilizavam de codinomes e diversos meios para ocultar suas identidades e dos usuários.
A comercialização de drogas no atacado ocorria com a utilização de “mulas”, responsáveis pelo transporte e estoque das substâncias em diferentes cidades. A organização recorria de aplicativos de caronas pagas e aluguéis de imóveis por temporada para operacionalizar a logística do tráfico. Com o avanço da investigação, a Polícia Federal identificou o líder a organização e mapeou os fornecedores, as pessoas interpostas (laranjas) usadas para lavagem de capitais e os transportadores das substâncias ilícitas.
No período de novembro de 2022 a abril de 2023, foram realizadas cinco apreensões de drogas, nas cidades de Santa Maria, Porto Alegre e Gravataí. Foram constatados, ainda, atos de lavagem de capitais, como ocultação de veículos, imóveis rurais e o uso de empresas de fachada para dissimulação da origem ilícita dos recursos.
O nome de operação é relacionado à obra “IT – A Coisa” de Stephen King. Na obra, Maturin é uma tartaruga colossal com aparência ancestral, afirmada como eterno inimigo da “Coisa”, criatura personificada na figura do palhaço “Pennywise” (personagem utilizado como codinome do líder da organização criminosa).