Pichações chamam atenção na área central de Porto Alegre

Pichações chamam atenção na área central de Porto Alegre

Território da Cidade Baixa não seria o local de atuação dos V7

Correio do Povo

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Quem mora ou frequenta o bairro Cidade Baixa, na área central de Porto Alegre, já está acostumado às pichações espalhadas às dezenas pelas fachadas de prédios e portas de estabelecimentos. Um dos desenhos, parecido com a da associação criminosa V7, tem chamado a atenção por sua localização, já que a região em questão historicamente não está na área de atuação da organização. Originária no bairro Santa Tereza, têm como inimigos os Bala na Cara, o que leva ao outro nome pelo qual são conhecidos, os Antibala, e, de acordo com a Polícia, estariam envolvidos na guerra de facções que assustou a população da Capital no começo do ano.

Enquanto moradores e comerciantes da área dizem não haver mudanças em suas rotinas que poderiam estar relacionadas às pichações, a Brigada Militar também acredita não haver relação entre elas e uma suposta expansão do V7 para o Centro de Porto Alegre. “Muitas vezes, são feitas por adolescentes que copiam o que veem em outros lugares e fazem igual”, afirma o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), responsável pela área, tenente-coronel Ivens Giuliano Campos dos Santos. O titular da 10ª Delegacia de Polícia Civil, Ajaribe Rocha Pinto, também disse não haver registros recentes relacionados ao assunto.

Segundo a Brigada Militar, o tráfico de drogas na área central da Capital é feito por outro grupo criminoso “mais forte”, situado no Condomínio Princesa Isabel, também conhecido como “Carandiru”, e que eventualmente é repreendido. No último domingo, por exemplo, a BM prendeu três homens e apreendeu, com eles, R$ 615, mais de 2,4 mil pedras de crack, maconha, relógios, uma balança de precisão, entre outros itens. Por isso, há a opinião de que não seria conveniente ao V7 ingressar nesta área já estabelecida.

Pichações foram encontradas na região da Cidade Baixa / Foto: Guilherme Almeida 

Moradores ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato disseram que as mais recentes ocorrências policiais que geraram maiores preocupações foram por volta do último mês de março, quando supostos membros de facção telefonavam para comerciantes da Cidade Baixa e faziam ameaças. A BM, que já tinha uma relação próxima com a comunidade, trouxe inclusive pessoal do Exército na ocasião para realizar palestras, e reforçou que as chamadas telefônicas não tinham fundamento. No final das contas, elas cessaram.

As pichações estão em diversos locais, como as ruas José do Patrocínio, Sarmento Leite e a João Alfredo, as principais do bairro, e dadas às suas características, torna-se difícil precisar exatamente quando elas foram feitas. A Guarda Municipal de Porto Alegre, que é responsável por coibir este tipo de ato, afirma que faz o possível para que elas não aconteçam. “Independente do tipo de mensagem que está sendo trazida, fazemos a condução do autor, caso haja o flagrante”, diz o comandante da GM, Marcelo do Nascimento.

Desenhos aparecem em diversos locais do bairro / Foto: Guilherme Almeida 

Conforme Nascimento, não houve um “aumento significativo” nas pichações que ensejassem um trabalho mais atento, mas há uma atenção concentrada do órgão na repressão do dano ao patrimônio público. De qualquer forma, alguns moradores afirmaram se ocupar limpando as pichações, quando possível, a fim de preservar melhor a paisagem do bairro boêmio, e colaborando com os órgãos policiais para que não haja mais ocorrências do tipo.


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