Polícia acredita que João de Deus está fora de Goiás
Equipe de defesa negocia rendição do médium para preservar a imagem do cliente
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Uma das possibilidades é de que integrantes da Polícia Civil sejam encaminhados até o local onde o médium está para que a prisão preventiva seja formalizada. A intenção de advogados é preservar a imagem do cliente. Uma vez preso, ele seria levado para Goiânia, onde faria o interrogatório. "Será longo, detalhado. Há um grande número de relatos e informações que precisam ser questionadas".
João de Deus foi visto em público pela última vez na quarta, quando visitou a Casa Dom Inácio de Loyola, onde faz os atendimentos. Em um pronunciamento de poucos minutos, disse ser inocente e estar à disposição da Justiça. Desde que a prisão preventiva foi decretada, a Polícia Civil afirma já ter procurado o médium em mais de 20 endereços. Na casa dele de Goiás, no entanto, as buscas não foram feitas. Os endereços já investigados estão sob sigilo. "Há pontos que também estão sendo vigiados", disse o delegado geral.
A Força Tarefa montada para investigar as denúncias de abuso sexual que teriam sido cometidas pelo médium já reuniu mais de 330 relatos em vários estados do país. Mulheres que se dizem vítimas também se apresentaram em seis países. João de Deus atende cerca de 10 mil pessoas por mês, das quais 40% são estrangeiras. Os abusos teriam sido cometidos depois do atendimento espiritual.
As mulheres relatam que, depois do atendimento em grupo, eram convidadas para uma consulta individual, onde os abusos seriam cometidos. O Ministério Público afirma ainda que quatro funcionários são suspeitos de ter envolvimento nos crimes. A mulher de João de Deus, Ana Keila Teixeira, apareceu há pouco em público, durante uma festa anual de distribuição de brinquedos para criança carentes de Abadiânia e pediu que todos rezem para que a verdade prevaleça.
A festa é um dos acontecimentos de Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília, patrocinados pelo médium. Um toldo é estendido em frente da casa do líder espiritual, brinquedos são dispostos na rua. Depois do almoço, há distribuição de bonecas, bolas e outros brinquedos. Todos os anos, cerca de 2 mil pessoas participam do evento. Na edição deste ano, no entanto, a movimentação está muito abaixo da média. Cerca de 200 pessoas etão no local, a maioria crianças. Ana Keila não deu entrevistas.