Polícia captura dupla responsável por onda de mortes durante guerra do tráfico em Rio Grande

Polícia captura dupla responsável por onda de mortes durante guerra do tráfico em Rio Grande

Traficantes são apontados por financiar e coordenar homicídios em confronto que se estende desde 2021

Marcel Horowitz

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A Polícia Civil anunciou, nesta segunda-feira, a prisão de dois suspeitos de envolvimento na guerra entre facções pelo controle do tráfico em Rio Grande. Em vigor desde outubro de 2021, o confronto colocou o município da região Sul na 24ª posição do ranking das cidades mais violentas do país, conforme divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em julho. Somente em 2022, foram registradas 102 mortes em decorrência do conflito.

Ainda segundo a corporação, ambos os presos teriam vínculos com uma facção com base no Vale do Sinos e são apontados como responsáveis por diversos homicídios em Rio Grande. Eles foram capturados quando se escondiam em uma residência, em Tuparendi, na região Noroeste.

Um dos presos é Ezequiel Silveira, de 29 anos,  o 'Kelinho'. Ele é apontado como o financiador dos ataques, direcionando parte do lucro da facção no Vale do Sinos para a compra de armas ao grupo, em Rio Grande. 


Ezequiel Silveira, o Kelinho  Foto: Divulgação / CP
O outro preso é Yuri Souza da Rosa, de 22 anos. As investigações indicam que ele era um dos matadores do grupo, executando desafetos e rivais, sob as ordens de Kelinho. 

 Foto: Divulgação / CP

De acordo com o delegado Gabriel Casanova, titular da Delegacia de Capturas, a prisão dos foragidos ocorreu após quatro meses de investigações. O delegado, que comandou a ação, relata também que foi  apreendida uma pistola Canik, calibre 9 milímetros - de uso restrito - com numeração suprimida, cinco carregadores e 82 munições.

"Kelinho tinha como principais bases as cidades de Novo Hamburgo e de Caxias do Sul. Foram realizadas diversas diligências nesses municípios, até que surgiram indícios que ele poderia estar se escondendo em Tuparendi", afirma Casanova. "Assim, uma equipe de policiais viajou até a referida cidade e passou a monitorar a rotina das pessoas que o auxiliavam a se manter oculto. Após horas de monitoramento, Kelinho foi visualizado em uma residência, acompanhado de Yuri." 

Entenda a guerra do tráfico em Rio Grande 

No dia 28 de outubro de 2021, policiais localizaram um suposto plano de fuga da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). O material havia sido abandonado dentro de um Kia Cerato prata, no acostamento da ERS 401, e detalhava como seria o resgate do apenado Fábio Luís da Silva Mello, o 'Fábio do Gás', apontado como um dos chefes do tráfico em Rio Grande. 

O plano, considerado cinematográfico pelas autoridades, continha ataques com indivíduos fortemente armados, explosões de posto de combustível e caminhão tanque, rotas de fugas e o uso um helicóptero. No entanto, após um mês, foi revelado que o documento se tratava de uma farsa.


 O plano de resgate forjado Foto: Divulgação / CP

As apurações policiais indicaram que o esquema foi arquitetado por Lemarque Gonçalves Artigas, outro detento da Pasc. O intuito de Lamarque, uma das lideranças da facção do Vale do Sinos, seria incriminar Fábio do Gás para forçar a transferência dele ao Sistema Penitenciário Federal.

Uma vez que Fábio do Gás fosse enviado a um presídio fora do estado, a facção do Vale do Sinos tomaria o controle da venda de drogas em Rio Grande, o que acabou não acontecendo. Após a descoberta da farsa, os dois grupos criminosos deram início a um confronto que ainda permanece em vigor. 

Segundo a delegada regional da Polícia Civil de Rio Grande, Ligia Furlanetto, os homicídios tiveram uma queda de 40%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Ela confirma, todavia, que aproximadamente 40 pessoas já foram mortas, desde o início do ano, por conta da disputa. "Seguimos monitorando", enfatizou. 


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