Polícia Civil apura caso de vítima agredida em cativeiro em Porto Alegre

Polícia Civil apura caso de vítima agredida em cativeiro em Porto Alegre

Ela foi acusada de ter furtado um telefone celular e ficou trancada dentro de uma casa no bairro São José

Correio do Povo

Os agentes da 1ª Delegacia de Roubos do Deic cumpriram quatro mandados de busca e apreensão

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O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil investiga o caso de extorsão com restrição de liberdade da vítima, alvo de um sequestro relâmpago e tortura para que pagasse um suposto telefone celular furtado, em Porto Alegre. Na manhã desta terça-feira, a equipe da 1ª Delegacia de Roubos, sob comando do delegado João Paulo de Abreu, cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nos bairros São José, Partenon e Vila Nova. As ordens judiciais visaram o recolhimento de material para fins de investigação criminal. Outro objetivo da ação foi o de proceder a perícia de levantamento do local do cativeiro, com coleta de vestígios, pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).

No dia 22 de janeiro passado, a Polícia Civil foi acionada para atender a denúncia de uma família de que o filho, de 28 anos de idade, encontrava-se em poder de pessoas que exigiam uma quantia em dinheiro para sua libertação. A privação de liberdade da vítima havia ocorrido na noite do dia 21, quando estava em uma festa e depois foi para uma residência no bairro São José. "A vítima foi então acusada pela dona dessa casa de ter subtraído um aparelho celular dela. Segundo a vítima, ela não furtou o telefone", disse.

Os agentes da 1ª Delegacia de Roubos apuraram que o cativeiro foi nesta residência do bairro São José. “Ali, diversas pessoas, entre homem e mulheres, inclusive uma advogada, passaram a ameaçar e agredir a vítima, verdadeira conduta de tortura, justificando que ela teria sido autora de um furto de aparelho celular, crime que deveria confessar e inclusive, dar conta da localização do bem móvel supostamente subtraído”, explicou o delegado João Paulo de Abreu.

“Não tendo sido encontrado tal objeto, na posse da vítima, essas pessoas então exigiram, dos seus familiares, pai e mãe, que o valor fosse pago, para a compensação desse prejuízo e também, para que a vítima fosse então libertada”, acrescentou. No cativeiro, a vítima foi agredida com um instrumento contundente, uma pá, e ficou ferida com lesões na cabeça, cuja existência foi materializada em laudo pericial do IGP.  

Após o assessoramento na negociação do preço de resgate, a vítima de sequestro foi libertada. Não houve pagamento de resgate, cujos valores deveriam ser repassados por meio de transferências via Pix. No dia da libertação, ela teve de ser encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).

Segundo o delegado João Paulo de Abreu, o trabalho de investigação procurou então identificar os envolvidos. No dia 27 de janeiro, os pedidos de prisão de dois dos quatro suspeitos, sendo três mulheres e um homem, foram indeferidos pela Justiça. “Todos, com idade de anos, e antecedentes policiais, por crimes de estelionato, lesão corporal, abandono de incapaz, ameaça, apropriação indébita e calúnia”, observou.

"Os resultados alcançados nas buscas são totalmente satisfatórios, visto que, no local de cativeiro foi possível apreender, em tese, o instrumento contundente utilizado para as agressões, uma pá de pedreiro. O IGP coletou vestígios, que serão objeto de análise em laboratório. Telefones celulares foram apreendidos e serão objeto de análise”, informou o titular da 1ª Delegacia de Roubos. “Aos investigados, será oportunizado o direito de defesa pessoal, em data próxima”, adiantou o delegado João Paulo de Abreu.

No local do cativeiro, a equipe do IGP, composta por um perito criminal, um técnico em perícias, um fotógrafo criminalístico e um papiloscopista, procedeu aos exames no local, em busca de vestígios que materializassem os fatos investigados. O perito coletou amostras de possíveis manchas de sangue pelo imóvel, fragmentos de vestimentas e outros objetos para pesquisa de material genético dos suspeitos e da vítima. O papiloscopista também realizou a busca de impressões digitais no local. A pá, possivelmente usada para agredir a vítima, foi recolhida também para análise no laboratório de genética forense. Telefones celulares foram apreendidos e devem ser periciados pela Seção de Informática Forense do IGP.


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