Polícia Civil deflagra nova ofensiva contra esquema de agiotagem comandado por facção em Canoas

Polícia Civil deflagra nova ofensiva contra esquema de agiotagem comandado por facção em Canoas

Terceira fase da Operação Extorsor mira crimes de tortura, extorsão e associação criminosa armada

Marcel Horowitz

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A Polícia Civil deflagrou, nesta sexta-feira, a terceira fase da Operação Extorsor, tendo como alvo um esquema de agiotagem coordenado por uma organização criminosa em Canoas. A ação cumpriu seis ordens de prisão, sendo uma preventiva e seis temporárias, além de 11 mandados de busca e apreensão, no município da região Metropolitana. Quatro dos alvos foram capturados durante as diligências, sendo que todos eles são integrantes de uma facção com base no Vale do Sinos.

De acordo com o delegado Marco Guns, titular da 1ªDP de Canoas, a nova fase da operação visou a determinar autoria e materialidade de três crimes diversos, praticados nas cidades de Canoas e Porto Alegre. Além das práticas de extorsão, disse ele, os investigados também são suspeitos de envolvimento em sessões de tortura. 

O primeiro crime investigado vinha sendo praticado desde o início do ano, contra uma família na Capital. As vítimas, explica o delegado, haviam feito um empréstimo com o grupo e, mesmo após as dívidas já terem sido quitadas, continuaram sendo alvo de extorsões até entregarem o terreno e a casa onde moravam. "Por conta dos crimes, atualmente as vítimas residem em outro estado", destacou Guns. 

O segundo caso da apuração se refere ao crime de coação de testemunhas, em Canoas. A vítima, uma mulher, passou a ser alvo de ameaças de morte após ter feito o reconhecimento pessoal de criminosos presos nas duas fases anteriores da operação.

O terceiro fato, explica o delegado Guns, confirma a escalada violenta da agiotagem e seus métodos de cobrança. Trata-se de um homem que foi sequestrado e levada para um local de desova de corpos, na Prainha do Paquetá, também em Canoas. Ali, a vítima foi torturada e espancada a chutes, socos, tapas e coronhadas, além de ter sido alvo de ameaças com armas de fogo.

O intuito dos criminosos era fazer o homem confessar uma dívida inexistente e fornecer a senha de seu celular, o que acabou ocorrendo. "Ele não possui antecedentes policiais e tem família, inclusive com duas filhas pequenas. Na sequência, a esposa e a mãe dele foram igualmente coagidas e ameaçadas pelos criminosos", afirmou.

Nas duas fases anteriores da ação, ocorridas em abril e julho, houve a efetivação de 15 prisões.  As investigações revelaram ainda que o modus operandi dos agiotas incluía constrangimentos às vítimas, com permanentes mensagens contendo ameaças, além da depredação de patrimônio e disparos de armas de fogo contra residências.

"Os integrantes das células criminosas identificadas criaram a figura do 'fiador de dívidas inexistentes'. A origem [das dívidas], se dá pela contratação de empréstimo com agiotas que, após receberem um valor muito acima do já contratado, repassam a dívida, não mais existente, para membros de grupos de cobrança violenta, que passam a exigir dinheiro de vítimas aleatórias. Assim, familiares também são submetidos à tortura psicológica", explicou o delegado. 


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