Polícia Civil deflagra operação contra o tráfico de drogas em Alvorada

Polícia Civil deflagra operação contra o tráfico de drogas em Alvorada

A ação mobilizou um efetivo de 225 policiais para o cumprimento de 97 ordens judiciais

Correio do Povo

Até o momento, 11 pessoas foram presas, e apreendidas 2 armas e um veículo

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A Polícia Civil, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação Eleven, no combate à associação para a prática de homicídios, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. A ação mobilizou um efetivo de 225 policiais civis para o cumprimento de 97 ordens judiciais, entre mandados de prisão temporária e mandados de busca e apreensão, nas cidades de Alvorada, Viamão e Canela. O nome da operação é uma referência ao número de mortes, um total de 11, relacionadas à disputa pelo tráfico de drogas.

Até o momento, 27 pessoas foram presas, além de armas e um veículo. Entre os detidos, está um policial militar da BM de Alvorada. De acordo com a Polícia Civil, a investigação teve início com uma prisão efetuada pela equipe da Delegacia de Homicídios de Alvorada em abril de 2022, quando foi preso o responsável pela logística de fracionamento, armazenamento e distribuição de drogas no município da região metropolitana. Conforme a Polícia Civil, o criminoso é membro de facção com origem no Bairro Bom Jesus em Porto Alegre. 

Por conta dessa prisão, a Polícia conseguiu identificar outros criminosos pertencentes à associação criminosa, dentre elas as duas principais lideranças da facção na cidade e que controla 90% do tráfico de drogas. A partir das investigações foi possível identificar a relação dos criminosos com crimes contra a vida que permeavam as operações. As lideranças identificadas, mesmo recolhidas no sistema prisional, ordenam homicídios de adversários, de devedores, e até mesmo de aliados que por algum motivo descontentaram as lideranças.

O titular da DHPP de Alvorada, delegado Edimar Machado, explica que a Polícia cumpre um total de 97 mandados, dos quais 35 são de prisão temporária e 4 preventivas. Durante a operação, 15 pessoas foram presas durante a operação - entre elas um policial da Brigada Militar de Alvorada. “A gente acabou identificando um suposto pagamento de valores dessa facção para esse policial militar e pediu esse mandado para verificar e buscar algum outro elemento para tentar descobrir qual é a motivação para receber esses valores”, afirma.

Outros 12 criminosos, que já estavam recolhidos ao sistema prisional, também tiveram decretação de prisão temporária. Até o início da tarde, a Polícia Civil contabilizava 12 foragidos. Para Machado, as investigações também contaram com um pouco de sorte e remontam a uma prisão em abril. “Era um momento de aumento de homicídios, e foi durante uma operação de 'saturação' em pontos de tráfico que fizemos uma prisão grande, aprendendo um celular de onde surgiu todas essas informações”, frisa. “A gente conseguiu identificar esse monte de pessoas através da análise desse telefone celular”, completa.

A partir do aparelho, a Polícia Civil conseguiu identificar diversas articulações dessa facção e coletar provas sobre as execuções. “São 11 homicídios que a gente identificou com uma relação direta com essa facção. Talvez a gente acabe chegando a um número maior ainda, que são na sua maioria homicídios ligados às disputas por tráfico de drogas, contra membros de facção rival e também grande conteúdo relacionado ao tráfico de drogas e armas. É um conteúdo bem importante para nossa busca de responsabilização desse pessoal”, observa.  

Entre os áudios obtidos pela Polícia Civil, aparecem diálogos de apenados tratando de envio de picanha para o sistema prisional. “Não sei quanto tá a picanha lá dentro. Qualquer coisa manda Pix, que eu vou mandar Pix de 500, para eles fazer uma brasinha”, promete um dos investigados. Machado destaca a importância da operação e a identificação da autoria dos homicídios. “E também conseguir vincular os líderes das organizações com os homicídios, que é uma coisa muito difícil, a gente conseguiu vincular nessa operação”, destaca.

Ele reforça que o judiciário já determinou a transferência da principal liderança dessa facção para o regime disciplinar diferenciado. “Identificamos 10 lideranças que estão presas e uma liderança maior que a gente pode dizer que é o primeiro escalão da facção. Os outros indivíduos que estariam ali são do segundo escalão”, avalia. “O ideal seria a transferência para um presídio de segurança máxima onde eles não possam ter acesso a aparelho de celular, que hoje é uma grande fonte de controle sobre o funcionamento da organização”, alerta

 


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