Polícia Civil diz que caso da morte de motorista de aplicativo é complexo

Polícia Civil diz que caso da morte de motorista de aplicativo é complexo

Homem foi morto no último sábado na Lomba do Pinheiro

Franceli Stefani

Responsável pela investigação, delegado Rodrigo Reis, disse que os trabalhos seguem na oitiva de testemunhas

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A Polícia Civil ainda não tem nenhum indício de quem tenha assassinado o motorista de aplicativo Diego Dagoberto Oliveira Pereira, 28 anos, na madrugada do último sábado. Ele foi morto a tiros na Estrada da Pedreira, no bairro Lomba do Pinheiro, na zona Leste de Porto Alegre. Localizado dentro do próprio carro, Pereira teria saído de Canoas, na Região Metropolitana, para fazer uma corrida particular. A esposa, Michele Oliveira da Silva, 25 anos, afirmou que não sabe detalhes de quem ele transportava, muito menos qual era o destino.

Responsável pela investigação, o titular da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP), delegado Rodrigo Reis, disse que os trabalhos seguem na oitiva de testemunhas. “É um caso complexo, especialmente, porque não restou nenhum registro. Embora houvesse residências próximas, era madrugada e todos estavam dormindo. Pelo que apuramos, não houve barulho de outros carros”, detalhou.

O crime aconteceu em um lugar onde há forte atuação da criminalidade, principalmente com relação ao tráfico de drogas. “Estamos tentando entender o que pode ter acontecido, o porquê teria saído de Canoas e percorrido um grande trajeto até a Lomba do Pinheiro.” O inquérito não tem previsão para ser concluído e deve se estender até que todas as possibilidades sejam esgotadas. Até agora a polícia não ter certeza se o caso é latrocínio – roubo seguido de morte – ou homicídio. “Ainda não temos a motivação e não podemos precisar se o responsável pelos disparos queria roubar e, então, acabou matando a vítima ou se queria executar a pessoa, porém seria ousado da parte dele chamar a corrida, entrar no carro e matar. Já ocorreu, mas é muito raro”, ponderou.

Reis salientou que a esposa do motorista já foi ouvida. “Há indícios, pelo que apuramos no local, que o assassino estava no interior do veículo. Efetuou alguns disparos no interior e posterior do lado de fora também.” No local não há nenhuma câmera de vigilância. O laudo pericial ainda não foi entregue à polícia.

“Façam somente corridas regulares”

A orientação dada pelo titular da 1ª DPHPP é de que os motoristas de aplicativo façam apenas as corridas regulares. “Isso porque há registro de GPS, temos onde começar e há um norte. Caso contrário, as possibilidades são inúmeras e, normalmente, não há nem mesmo imagens para visualizar e nem o trajeto feito ou solicitado”, ponderou o delegado.

A mesma orientação é a feita pelo presidente da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma), Joe Moraes, que reforçou a importância de aceitar apenas os chamados feitos pela plataforma. “Sempre pedimos para que os colegas não façam, mas pela questão financeira, eles acabam aceitando.”

Câmeras de monitoramento dentro dos carros

A plataforma 99 iniciou o processo de instalação de câmeras de monitoramento no interior dos veículos dos condutores cadastrados. “A medida visa oferecer ainda mais segurança aos usuários do aplicativo. Os dispositivos começaram a ser implementados em São Paulo em setembro e se encontram em fase testes e expansão em outras cidades, em Porto Alegre”, detalhou, através de nota, a empresa. Os equipamentos estão conectados à Central de Segurança da 99 e garantem acesso pela empresa em tempo real.

Conectadas ao aplicativo, as câmeras podem registrar imagens enquanto o motorista esteja realizando uma corrida na 99. Já o passageiro é avisado pelo app e precisa aceitar os Termos de Uso. Caso o usuário não concorde, a corrida é cancelada sem custos e outro veículo sem câmera é chamado automaticamente. Elas possuem lentes com visão noturna e “olho de peixe” (ou seja, um ângulo mais amplo para captação abrangente do que acontece no carro). O presidente da Alma, ressaltou a luta constante de todos os motoristas por mais segurança.

Segundo ele, o mecanismo implementado pela 99 vai inibir a criminalidade. “Nesse primeiro momento somente motoristas que fazem apenas o aplicativo receberam, isso significa de 130 a 160 motoristas. É pouco porque somos muitos. É preciso avançar muito mais”, enfatizou. De acordo com ele, também é necessário melhorar a identificação do passageiro.

Conforme o titular da 1ª DPHPP, a câmera no interior do veículo ajuda em crimes contra o patrimônio. “O homicídio, pela metodologia do crime, a câmera não tem efeito para coibir. Neste caso, o criminoso não entra no veículo. Ele chega do lado externo do automóvel, em regra, de moto, com outro veículo ou prepara uma emboscada e executa sem que a câmera interna pegue ele”, pondera. Reis destacou que a câmera vai coibir os roubos e facilitar o trabalho de investigação feito pela Polícia Civil. “Para isso os equipamentos são muito efetivos.”

Uber estuda dar alternativa ao motorista de operar com dinheiro ou cartão

"O Brasil tem uma realidade muito complicada em termos de segurança pública. Por conta disso, estamos buscando uma forma de mitigar os riscos de nossos parceiros". A afirmação é do gerente de Comunicação para Segurança da Uber, Marcio de Meo, que esteve em Porto Alegre nesta terça-feira. Na oportunidade, ele reiterou que o motorista assassinado não estava a serviço da operadora no momento do crime. "A recomendação é constante no sentido de que evitem de fazer viagens autodenominadas 'por fora'", assinalou Meo.

Segundo ele, as empresas de mobilidade - Uber, 99Pop, Cabify e Garupa - tratam da segurança de maneira diferenciada. "Na Uber, por exemplo, ao aceitar uma viagem o motorista já sabe se o pagamento será em dinheiro ou não e sempre pode cancelar caso não se sinta seguro", frisou. Meo informou, ainda, que a Uber avalia a adoção de medida que dê maior respaldo ao condutor no momento de aceitação de uma viagem. Não descarta a possibilidade de vir a operar aos moldes da 99Pop, onde o parceiro escolhe, no aplicativo, se deseja receber em dinheiro ou via pagamento eletrônico. "O aplicativo já indica o destino antes do passageiro entrar no carro", observou.

Segundo ele, o Centro de Desenvolvimento Tecnológico, inaugurado em São Paulo em 2018, tem a segurança como foco principal. "Estamos desenvolvendo pesquisas e soluções de última geração para todos que andam ou dirigem com a Uber", explicou. O complexo foi resultante de investimento de R$ 250 milhões e possibilitou a abertura de 150 postos de trabalho para engenheiros e cientistas de dados. " As novas soluções de segurança da Uber vão nascer no Brasil e serão aplicadas em todos os países onde operamos", enfatizou. A Uber possui 600 mil motoristas cadastrados e ativos e 22 milhões de usuários no país.

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