Polícia Civil esclarece caso da jovem que teve execução gravada
Sete dos acusados foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e um outro está foragido
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A delegada Tatiana Bastos revelou que Paola Avaly Corrêa permaneceu no matagal cerca de nove horas em poder dos criminosos que recebiam orientações do ex-namorado dela via celular direto do presídio. “Ela foi amarrada nas mãos para trás e pelas pernas. Ela ficou o dia inteiro presenciando a cova que ficou pronta por volta das 14h horas. Ela possivelmente a partir da tarde já sabia o que ia acontecer, ficou muito calma todo o tempo, pediu perdão inúmeras vezes por telefone para o ex-companheiro”, relatou com base nos depoimentos de quem confessou com detalhes os momentos finais da jovem.
Sete dos acusados, incluindo uma mulher que fez a filmagem da execução com celular, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado com os agravantes de feminicídio, motivo torpe e meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver. Um adolescente está entre eles. Já o oitavo participante, então em situação de foragido, foi incluído por favorecimento a um dos implicados no caso. A última prisão foi do indivíduo que cavou a sepultura na terra, realizada nesta quinta-feira. O inquérito tem quase 200 páginas, recheado de provas coletadas e confissões de três dos indiciados.
“A execução foi de maneira fria”, enfatizou. Segundos antes de ser baleada duas vezes no rosto com um revólver calibre 38, a vítima pediu desculpa como já havia feito diversas vezes ao ex-companheiro que acreditava ter sido traído após postagens da jovem debochando-o e chamando-o de corno. A arma usada no crime já está apreendida e encontra-se sob perícia. Dois celulares, que pertenciam aos detentos, também foram recolhidos.
Mesmo ameaçada e sabendo que sofreria represália após as postagens que revoltaram o ex, Paola Avaly Corrêa concordou em embarcar em um veículo, possivelmente um Ford Fiesta, no dia 13 de maio, sendo então levada para uma residência e depois para o matagal. A família dela registrou então o desaparecimento. O corpo seria encontrado somente no dia 17. O caso ficou com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher ao ser verificado que se tratava de crime relacionado à violência de gênero, enquadrando-se como feminicídio. A divulgação das imagens da execução nas redes sociais teve como objetivo “mostrar aos mandantes que o crime havia sido consumado, que ela havia realmente sido executada da maneira que ele ordenou, e também foi uma forma de demonstrar o poder desta organização criminosa e o que acontece com as mulheres que acabam de alguma maneira descumprindo as regras”.