Polícia Civil investiga denúncia de racismo contra motorista de aplicativo em Porto Alegre

Polícia Civil investiga denúncia de racismo contra motorista de aplicativo em Porto Alegre

Caso está sendo apurado pela Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI)

Correio do Povo

Vítima já prestou depoimento e estão sendo aguardadas informações da emoresa

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A Polícia Civil investiga a denúncia de uma aeromoça sobre ter sido vítima de racismo por parte de um motorista de aplicativo em Porto Alegre. “Foi instaurado inquérito policial para fins de apuração de crime de preconceito racial”, confirmou a titular substituta da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), delegada Cristiane Machado Pires Ramos. “A vítima já foi ouvida e oficiamos à empresa para identificação do motorista”, adiantou. "Estamos aguardando as informações da empresa para apurar quem é o autor", frisou.

Em um vídeo postado nas redes sociais, a aeromoça, de 36 anos, contou que o fato aconteceu há mais de duas semanas na zona Leste da Capital. Em entrevista à Rádio Guaíba, ela relatou que chamou um veículo do aplicativo para participar de um seminário promovido, entre outras entidades, pelo grupo ‘Odabá-Associação de Afroempreendedorismo’, da qual é diretora, na Câmara Municipal de Porto Alegre.

De acordo com a aeromoça, o motorista cancelou a corrida em razão do prazo máximo de espera, de dois minutos, pelo passageiro. Multada em R$ 5,00, ela chamou outro carro e ficou aguardando. O primeiro motorista retornou ao local e proferiu ofensas racistas em direção a ela.

“Inicialmente eu não compreendi as coisas que ele falou, pois achava que não era comigo”, explicou. “Foi então que ele continuou me olhando com uma expressão séria e falou mais alto as palavras ‘tinha que ser preto’, e aí que eu fui entender. Ele só saiu quando se certificou que eu havia entendido as palavras dele”, acrescentou.

Abalada, ela embarcou no segundo carro do aplicativo e foi chorando para o evento, onde outros integrantes do grupo a orientaram a fazer o boletim de ocorrência. Imagens de câmeras de monitoramento na região estão sendo procuradas para confirmar o retorno do motorista ao local. A vítima também quer os registros do trajeto feito pelo GPS do aplicativo.

A empresa de transporte por aplicativo emitiu nota oficial, lamentando “profundamente o ocorrido com a passageira” e informando que já foi aplicado o bloqueio no perfil do motorista. Além de oferecer suporte e acolhimentos necessários à aeromoça, a plataforma se colocou à disposição para colaborar com as investigações das autoridades policiais.

“A empresa tem uma política de tolerância zero em relação a qualquer tipo de discriminação e repudiamos veementemente o caso. O respeito mútuo é a base da comunidade do aplicativo. Todos os usuários, sejam eles motoristas ou passageiros, devem se tratar com educação, boa-fé e profissionalismo, independente de sua religião, credo ou raça”, manifestou-se na nota oficial.


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