Polícia deflagra nova fase de investigação de fraude em contrato de aluguel da Fasc

Polícia deflagra nova fase de investigação de fraude em contrato de aluguel da Fasc

Esquema teria causado prejuízo de pelo menos R$ 500 mil aos cofres públicos

Correio do Povo

Ordens judiciais estão sendo cumpridas na Fasc

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A Polícia Civil deflagrou na manhã desta segunda-feira Operação Full House 2, segunda fase da investigação que combate crimes contra a administração pública na Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) da prefeitura de Porto Alegre. O objetivo da ação é desarticular a organização criminosa estruturada para superfaturar um contrato de locação de imóvel pelo órgão.

Segundo os delegados André Lobo Anicet e Max Otto Ritter, a atual etapa da investigação, que começou no início do ano, possui como principais investigados o casal de servidores que contratou com o Poder Público (doador e donatária do imóvel) e servidores integrantes dos quadros da Fasc, então ocupantes de funções de direção e chefia e que tiveram participação direta no contrato de locação.

A polícia investiga a sucessão de negócios jurídicos destinados a “camuflar” a efetiva propriedade do imóvel alugado, pois o contrato da prefeitura com servidores é ilegal. Por isso, os investigados teriam simulado a doação do imóvel. Segundo a polícia, a operação procura documentos que corroborem com as provas obtidas até o momento.

Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão na Fasc, Secretaria Municipal da Cultura (SMC), Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e nas residências dos investigados. A ação é comandada pela Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária do Departamento Estadual de Investigação Criminal (Deat-Deic) e conta com a participação de 41 policiais e o uso de 13 viaturas.

Os agentes apreenderam documentos que serão agora periciados e analisados. “Como os investigados trabalham na Secretaria Municipal de Cultura e na Empresa Gaúcha de Rodovias, as buscas foram feitas especificamente no local de trabalho deles”, explicou Anicet.

Primeira fase da operação apontou superfaturamento no aluguel

Em janeiro deste ano, foi deflagrada a primeira etapa da operação, em que foi identificada a união de servidores públicos, diretor e presidente da Fasc à época, além de particulares e empresas, para a locação de um imóvel com preço acima do mercado. Utilizada como abrigo residencial para crianças e adolescentes vítimas de violência, a casa era locada por R$ 10 mil mensais, valor "incompatível" com os aluguéis de imóveis semelhantes. 

A investigação apontou também que o contrato de aluguel não observou os requisitos legais. O imóvel pertenceria a um servidor público municipal, o que é ilegal. Por isso, a casa teria passado por uma doação simulada, segundo a polícia. O esquema teria causado prejuízo de pelo menos R$ 500 mil aos cofres públicos.

Após a operação, o então presidente Fasc, Marcelo Soares, e mais três funcionários da instituição alvos da Operação Full House foram exonerados. O prefeito Nelson Marchezan Júnior determinou também a instalação da procuradoria setorial na fundação, a exemplo do que existe em todas as secretarias e autarquias da prefeitura, e expediu uma portaria para que a Procuradoria-Geral do Município realize um diagnóstico detalhado da Fasc.

Fasc disse que o imóvel "está em trâmite de devolução"

Em nota, a Fasc disse que “a partir do momento em que a atual gestão teve conhecimento do caso do imóvel locado em questão", foram tomadas providências para a entrega da residência. Desde o dia 11 de agosto de 2017, as 20 crianças acolhidas foram transferidas para outra casa, e o imóvel "está em trâmite de devolução".

O órgão ainda afirmou que "não há mais serviços no local" e que não paga o aluguel desde janeiro. Quando a atual gestão assumiu havia 34 imóveis alugados, sendo que atualmente 16 estão em fase de devolução. A Fasc ainda aforma que “nenhuma nova locação foi feita nessa gestão”.




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