Polícia desarticula quadrilha que praticava crimes no setor imobiliário
Grupo é investigado por não entregar os imóveis vendidos, cujas obras estão inacabadas ou nem saíram do papel
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A incorporadora é investigada por não entregar os imóveis vendidos, cujas obras estão inacabadas ou nunca saíram do papel, para 870 vítimas gaúchas. Os titulares da DEAT, delegados André Lobo Anicet e Max Otto Ritter, estimam que os prejuízos possam superar os R$ 90 milhões. A investigação, iniciada no primeiro semestre em 2016, apura os crimes em tese de lavagem de dinheiro, associação criminosa e estelionato.
Na ação foram cumpridos 15 mandados judiciais de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais em Porto Alegre, Canoas, Gramado, Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, além de Florianópolis, em Santa Catarina; São Paulo e São Carlos, em São Paulo; e Goiânia, em Goiás. Documentos foram recolhidos para análise. Os agentes tiveram a atenção despertada para a descoberta de um cheque no valor de R$ 200 milhões entre o material encontrado. O material apreendido foi considerado consistente para o trabalho investigativo.
“Temos provas robustas e substanciais”, antecipou o delegado Max Otto Ritter. Os principais investigados da DEAT são quatro pessoas de uma mesma família que comanda o grupo empresarial, três colaboradores de confiança e um advogado. Os policiais civis lamentaram que a Justiça indeferiu os pedidos de prisão e também de sequestro dos bens dos envolvidos para fins de ressarcimento futuro das vítimas.
Conforme os delegados André Lobo Anicet e Max Otto Ritter, um dos empreendimentos que não foi concretizado é um prédio comercializado como o mais alto do RS, com mais de 40 andares, que ficaria ao lado de um shopping em Gravataí. O edifício sequer teve qualquer licença ou autorização para a construção. O projeto de um apart hotel com 130 unidades na rua 24 de Outubro, em Porto Alegre, também não tornou-se realidade. Sem ter os imóveis comprados ou o dinheiro pago devolvido, as vítimas lesadas foram surpreendidas ainda pelo pedido de falência do grupo econômico.
O delegado Max Otto Ritter manifestou estranheza. “Como em um espaço pequeno de dois anos, esse grupo praticamente duplicou o número de empresas de 68 para aproximadamente 114. Isso logicamente aponta para uma questão de lavagem de dinheiro”, afirmou. “Vamos apurar a movimentação financeira”, garantiu.
Segundo ele, a prática de abrir várias empresas costuma ser utilizada para pulverizar o dinheiro em vários CNPJ. Já o delegado André Lobo Anicet não descartou que o grupo econômico agiu com dolo ao não empregar o dinheiro dos compradores nos projetos imobiliários comercializados.
“As pessoas usaram suas economias e não tiveram seus sonhos realizados”, lembrou. O grupo econômico, assinalou, teve um crescimento vertiginoso. “Nenhuma das vítimas conseguiu até agora recuperar aquele dinheiro investido, enquanto isso investigados ostentam padrão elevadíssimo de vida. Vamos ver se justifica ou não pedido de falência. Vamos atrás do rastro desse dinheiro, para onde foi e de que forma o dinheiro permeou nas contas bancárias das empresas”, acrescentou o delegado Max Otto Ritter. “Temos centenas de crimes”, concluiu, referindo-se ao número de lesados no RS.