Polícia Federal faz ação contra suspeita de fraude bilionária de criptmoedas do "Sheik dos Bitcoins"

Polícia Federal faz ação contra suspeita de fraude bilionária de criptmoedas do "Sheik dos Bitcoins"

Movimentação financeira do grupo criminoso pode chegar a R$ 4 bilhões somente no Brasil

Correio do Povo

Dinheiro, veículos de luxo, joias e relógios foram recolhidos

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A Polícia Federal desencadeou na manhã desta quinta-feira a operação Poyais contra o "Sheik dos Bitcoins" por suspeita de fraude bilionária envolvendo criptomoedas no país e no exterior. A movimentação financeira pode chegar a R$ 4 bilhões somente no Brasil.

Cerca de 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão, além da decretação de sequestro de imóveis e bloqueio de valores, no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Curitiba (PR), São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ). Veículos de luxo, joias, relógios e dinheiro foram recolhidos. Alguns dos alvos foram em mansões.  

A operação teve como principal objetivo o aprofundamento da apuração da prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa. Além de cessar as atividades criminosas, a ação visou também a elucidação da participação de todos os investigados nos crimes sob apuração, bem como o rastreamento patrimonial para viabilizar, ainda que parcialmente, a reparação dos danos gerados às vítimas.

Conforme a Polícia Federal, a participação da Receita Federal nas buscas e apreensões buscou ainda coletar materiais e documentos que possam ser úteis aos procedimentos fiscais em curso em desfavor do grupo suspeito, que vinha atuando desde 2016. Estão sendo investigados os crimes de estelionato e contra o sistema financeiro, entre outros.

O trabalho investigativo começou em março deste ano, após recebimento, por meio da Interpol, de informações e solicitação passiva de cooperação policial internacional da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília.

Em janeiro, a agência norte-americana informou a Polícia Federal que uma empresa internacional com atuação nos Estados Unidos, além do principal gerenciador, um brasileiro residente em Curitiba, que se intitulava "Sheik dos Bitcoins", estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado (El Dorado Task Force), da HSI de Nova Iorque, por envolvimento em conspiração multimilionária de lavagem de capitais a partir de um esquema de pirâmide de investimentos em criptoativos.

Diante das informações e do pedido de cooperação policial internacional, a Polícia Federal começou a investigação. Diligências iniciais revelaram que "Sheik dos Bitcoins" possuía mais de 100 empresas abertas e, através de seu grupo empresarial, estaria lesando investidores não só no exterior, mas também em território nacional.

Conforme a Polícia Federal, o suspeito logrou êxito em iludir milhares de vítimas que acreditavam nos serviços por ele prometidos através de suas empresas, os quais consistiam no aluguel de criptoativos com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido.

Alegando vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos, o investigado levava a erro seus clientes informando possuir grande equipe de traders que realizariam operações de investimento com as criptomoedas alugadas e, assim, gerariam lucro para suportar o pagamento dos rendimentos.

Com o trabalho investigativo, os agentes concluíram que "Sheik dos Bitcoins" constituiu uma verdadeira organização criminosa, inclusive com muitos membros da família que também eram funcionários das empresas, visando se apropriar dos valores investidos, tanto em reais como em criptomoedas, pelas vítimas da fraude. O mesmo grupo, com parceiros no exterior, desenvolvia fraude semelhante, porém focada em marketing multinível, nos Estados Unidos e ao menos em outros 10 países.

Outra estratégia identificada era a de criação, pelos criminosos, de criptomoedas próprias, as quais também eram comercializadas através das empresas e garantiriam pagamento de retornos mensais extravagantes. Esses criptoativos não possuíam lastros e não tinham liquidez no mercado, sendo usados unicamente para continuidade das fraudes.

Enquanto parte dos recursos dos clientes era usada para pagamentos das remunerações mensais, o restante era usado pelo investigado e pela organização criminosa para aquisição de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas de grife, joias, viagens e diversos outros gastos.

Após dilapidação dos recursos das vítimas, a organização criminosa passou a atrasar e logo deixou de pagar as remunerações mensais contratadas pelos clientes. Da mesma forma, bloqueou os pedidos de saques. Entre as justificativas dadas, o grupo alegou problemas de ordem administrativa, financeira e técnica.

Foto: PF / Divulgação / CP


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