Polícia gaúcha pede cassação da aposentadoria de delegado que forjou ritual satânico em investigação

Polícia gaúcha pede cassação da aposentadoria de delegado que forjou ritual satânico em investigação

Delegado Moacir Fermino foi condenado em primeiro grau pela Justiça, em 2020, por forjar inquérito sobre morte de crianças em Novo Hamburgo

Marcel Horowitz

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A Polícia Civil confirmou, nesta quarta-feira, a decisão de recomendar a cassação da aposentadoria do ex-delegado Moacir Fermino, apontado como autor de uma narrativa sobre rituais satânicos, criada supostamente para desvendar a morte de duas crianças em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. A medida, estipulada por unanimidade pelo Conselho Superior da corporação, ainda precisa ser acatada pelo Executivo Estadual antes de entrar em vigor. 

O processo administrativo pelo qual Fermino foi julgado se refere a crimes ocorridos em 2017, quando o delegado afirmou que empresários teriam encomendado o sacrifício das vítimas, como parte de um rito demoníaco. A investigação apontava que as crianças foram mortas durante um ritual ocorrido em um templo, na zona rural de Gravataí, realizado por um 'bruxo' e seis cúmplices.

O delegado chegou a promover uma coletiva de imprensa, no dia 8 de janeiro de 2018, apontando o envolvimento de sete pessoas, das quais cinco foram presas. Na ocasião, Fermino mostrou inclusive uma veste, contendo uma capa e máscara de cão, que teria sido usada na cerimônia macabra. a Corregedoria Geral da Polícia Civil, entretanto, concluiu que o trabalho investigativo continha depoimentos falsos e incriminação de inocentes. 

Os mortos, um menino e uma menina, nunca foram identificados, mesmo após a localização dos corpos. Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), ambos foram esquartejados e decapitados. A autoria do crime nunca foi descoberta e o caso acabou sendo arquivado.

Em 2020, o delegado foi condenado em primeiro grau pela Justiça, por corrupção ativa de testemunha e falsidade ideológica. Ele responde em liberdade, apesar de ter sido condenado a seis anos de reclusão. Mesmo após ter sido afastado da corporação, ele continuou recebendo aposentaria.  


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