Polícia indicia foragido preso em SC por morte de estudante de arquitetura em Porto Alegre

Polícia indicia foragido preso em SC por morte de estudante de arquitetura em Porto Alegre

Traficante conhecido como Red seria mandante de atentado que vitimou Sarah Silva Domingues, de 28 anos

Marcel Horowitz

Foragido mais procurado de Porto Alegre foi preso em SC

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A Polícia Civil indiciou o traficante conhecido como Red pelo assassinato da estudante Sarah Silva Domingues, de 28 anos, na Ilha das Flores, em Porto Alegre. Considerado o foragido mais procurado da Capital, ele foi preso em Santa Catarina. Conforme a instituição, ele seria teria ordenado o ataque a tiros.

A universitária foi morta no dia 23 de janeiro, quando estava em frente a um mercado. O alvo seria o comerciante Valdir dos Santos Pereira, de 53 anos, que também morreu.

O secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, confirmou que Red vai responder como mandante do crime. “Nosso objetivo é responsabilizá-lo por todos os homicídios que ele determinou, entre esses o que vitimou a estudante Sarah”, afirmou.

Ao todo, ainda segundo Caron, o preso é investigado por pelo menos 30 mortes. Os crimes ocorreram em Porto Alegre, Viamão, Canoas e Alvorada.

“Essa era a prisão mais importante para reduzir homicídios em Porto Alegre e na região Metropolitana. A tentativa dele em criar um novo grupo criminoso resultou em um conflito, que gerou mortes”, disse o titular da Segurança.

Morte de estudante

Na data do crime, vizinhos relatam que disparos foram efetuados, às 19h24min, na Rua do Pescador, onde Valdir dos Santos tinha um mercado. Ele foi executado dentro do comércio. Sarah acabou sendo atingida no peito e no braço. Pelo menos 15 tiros de pistola calibre 9 milímetros foram deflagrados.

Antes do ataque, as vítimas, que não se conheciam, conversavam em frente ao estabelecimento. Sarah entrevistava Valdir para uma pesquisa, que seria parte de seu trabalho de conclusão de curso, o TCC. Ela não tinha antecedentes.

O comerciante tinha passagens por ameaça, apropriação indébita, crimes contra a fauna e porte ilegal de arma de fogo. Apesar dos registros, ele não tinha envolvimento com o tráfico de drogas. Segundo a investigação, o assassinato dele foi motivado por causa de posicionamentos contrários aos desmandos dos traficantes na região.

Após o crime, o grupo liderado por Red foi alvo da Operação Flor de Lótus. A ação ocorreu no dia 6 de fevereiro. Foram presas seis pessoas, incluindo um dos atiradores. Outro suspeito teve a prisão preventiva negada pela Justiça.

Quem é Red

A Polícia Civil indica que Red é pivô de uma guerra entre facções no bairro Mario Quintana, na zona Norte de Porto Alegre. Ele também é apontado como fundador da quadrilha Comando Nova Geração.

Antes de formar um grupo próprio, Red atuava como gerente de uma facção com berço no bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas que também tem atuação na zona Norte.

Quando era gerente, Red tinha como chefe José Dalvani Nunes Rodrigues, o 'Minhoca', preso em 2016 no Paraguai e transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no ano seguinte.

As investigações revelaram que a ausência do líder fez com que Red expandisse sua influência na zona Norte, a ponto de sair do grupo e formar uma nova quadrilha, intitulada ‘Comando Nova Geração’. Desde então, ele teria se aliado a traficantes das vilas Jardim e Cruzeiro, além de grupos do Loteamento Timbaúva, para fazer frente ao poder bélico da antiga facção.

Bruxo da Safira

Segundo a Polícia Civil, o bando de Red chegou a movimentar aproximadamente R$ 1 milhão por semana, após tomar pontos de tráfico no bairro Mário Quintana. Os entorpecentes, na maior parte, vinham de países vizinhos.

O criminoso também é conhecido como "Bruxo da Safira" — em referência ao tráfico na Vila Safira. Ele acumula delitos há pelo menos 13 anos, respondendo, além de homicídios, por lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e posse irregular de armas.

Apesar dos antecedentes, o criminoso foi preso apenas uma vez, em 2010. Na ocasião, ele foi colocado novamente em liberdade onze meses depois.


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