Polícia investiga denúncia de racismo em hotel em Caxias do Sul

Polícia investiga denúncia de racismo em hotel em Caxias do Sul

Hóspede alega ter sido expulso sem justificativa; rede nega

Correio do Povo

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A delegada Thaís Sartori Postiglione, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Caxias do Sul, ouviu nesta sexta-feira o depoimento de Neferson Martins dos Santos, 28 anos, que denunciou ter sido vítima de preconceito de raça e cor em um hotel na cidade. Na próxima semana, devem ser ouvidos funcionários do estabelecimento. O consultor comercial disse no boletim registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento que funcionários do hotel teriam se negado a lhe entregar itens básicos para a estadia, como sabonete, toalha e cobertores. Ele informou que na última terça-feira foi expulso sem justificativa.

Santos, que mora em São Paulo e está em Caxias a trabalho, contou nas redes sociais que, ao longo da estadia, presenciou cenas frequentes de discriminação racial. “Eu ligava todos os dias falando que estavam faltando coisas, mas eles não me entregavam o básico. Me perseguiam, me olhavam feio, entravam no meu quarto sem autorização e remexiam nas minhas coisas.” Ele conta que, da forma como estava sendo tratado, começou a guardar produtos como cobertores e toalha, a fim de garantir que iria ter esses itens quando retornasse ao quarto. “Eles viram as coisas guardadas e pediram para eu sair do hotel. Não alegaram nada, somente me expulsaram.”

Em nota divulgada ontem, a Rede Travel Inn Hotels, administradora do Axten Caxias do Sul, afirma que a acusação de racismo é, como demonstram vídeos do circuito interno de vigilância, registros fotográficos, documentos e correspondência on-line, tentativa do hóspede de ocultar condutas que atentam contra às leis e às normas do hotel. “Temos a convicção de que nossos colaboradores seguiram protocolarmente todas as tratativas para evitar o fim do contrato de hospedagem da suposta vítima, notificando sua empresa, seu supervisor imediato e ele mesmo sobre a inadmissibilidade de reiteradas práticas. As condutas reprovadas incluíam o uso de cigarros nas dependências do hotel, danos ao patrimônio e a circulação em áreas comuns sem o devido respeito às regras sanitárias impostas pelo governo do Estado para o combate ao Covid-19.” 

A rede ressalta que não compactua com práticas discriminatórias e que encaminhará à Polícia materiais que evidenciam a idoneidade dos colaboradores.


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