Polícia nega que crença de delegado tenha atrapalhado investigação em NH

Polícia nega que crença de delegado tenha atrapalhado investigação em NH

Testemunha chave teria presenciado ritual de morte das crianças e repassado informações detalhadas

Correio do Povo

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* Com informações da repórter Jessica Hübler

O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegado Fábio Motta Lopes, declarou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira no Palácio da Polícia, que em nenhum momento a crença do delegado Moacir Fermino tenha atrapalhado o trabalho de investigação no caso das duas crianças mortas em Novo Hamburgo. Mais cedo, Moacir disse que recebeu uma revelação divina" que o levou até os suspeitos e a detalhes sobre o crime.

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“Foi uma revelação de dois profetas de Deus. Quando eu cheguei na delegacia, um deles me ligou, dizendo que tinha informações e que era para eu pegar um caderno para anotar. Foi uma revelação divina”, destacou o delegado. Fermino disse ainda que não podia revelar quem eram os profetas.

Segundo Fábio Motta Lopes, não há avaliação sobre a religiosidade do delegado Moacir. "Toda informação que nos chega, ela tem que ser confirmada. Tenha a gente ou não uma crença, a Polícia tem que checar as informações que chegam e elas se confirmaram."

Uma reunião ocorrida nesta tarde envolvendo a cúpula da Polícia Civil já havia decidido manter o rumo das investigações conforme apurado pelo delegado Moacir.  "A reunião é normal, principalmente em investigações complexas, onde avaliamos se estamos seguindo a linha de investigação correta", afirmou o delegado. Fábio lembrou que o delegado Moacir assumiu a investigação enquanto o delegado Rogério Baggio estava em férias. "Quando Rogério retornar, assumirá o caso".

Ele destacou ainda que não tem como alegar que foi uma revelação divina sem qualquer outro elemento de prova. "O Poder Judiciário não pode decretar prisão se não houver elementos probatórios. A Polícia, em tese, está no caminho certo."

Testemunha e provas

O diretor do DPM revelou que uma testemunha chave presenciou o ritual em que as crianças foram mortas e esquartejadas e repassou informações "com riqueza de detalhes" à Polícia Civil. Ele disse que a investigação ainda está em andamento e que a polícia possui provas testemunhais, documentais e provas periciais que corroboram com as informações trazidas pela testemunha. A testemunha, conforme o delegado, já havia prestado serviços à "seita" envolvida no caso.

A respeito da nacionalidade das crianças - delegado Moacir havia dito que eram argentinas - Fábio informou que não há uma confirmação. "Ao que tudo indica, as crianças não são brasileiras mas, até o momento, não há confirmação sobre a nacionalidade delas. Há um indicativo de que elas podem ser argentinas".

O ritual teria sido encomendado por dois empresários que atuam no Vale do Sinos, com o objetivo de trazer "prosperidade" aos negócios em que atuam. São sete pessoas investigadas. Quatro já estão presas e outras três estão foragidas.

O ritual

De acordo com o delegado Moacir, as crianças foram mortas no templo que fica no bairro Morungava, em Gravataí. Ele acredita ainda que durante o ritual, os participantes teriam tomado sangue das crianças - um menino, entre 8 e 10 anos, e uma menina, entre 10 e 12 – que ainda não foram identificados e as cabeças deles não foram localizadas. "Estão enterradas em Lomba Grande”, garantiu o delegado, explicando que as partes dos corpos precisam ser abandonadas em local próximo ao templo.

Ainda segundo Moacir Fermino, o sacrifício das duas crianças, ocorreu com os investigados ajoelhados em um círculo, cujo ambiente estava iluminado apenas por velas. “Os sete discípulos de Satanás formaram o número do ritual”, observou. Uma testemunha, que chegou a visualizar parte do ritual, relatou que viu a menina no chão, desfalecida ou morta, enquanto o menino estava amarrado em um cavalete. Um dos capuzes usados por uma das vítimas foi encontrado e recolhido nas diligências.

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