Policiais civis escoltam voluntários em barcos na zona Norte de Porto Alegre

Policiais civis escoltam voluntários em barcos na zona Norte de Porto Alegre

Agentes da 12ª DP reforçam segurança de embarcações no bairro Sarandi

Marcel Horowitz

Agente Francesco Breno faz a escolta armada de voluntários no bairro Sarandi, em Porto Alegre

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Não é novidade que o extravasamento de um dique submergiu quadras inteiras do bairro Sarandi, na zona Norte de Porto Alegre. A água, que chega a atingir quase oito metros em determinados pontos, inundou casas, arrastou veículos e fez com que milhares de pessoas tivessem que sair de casa.

O surpreendente é que, como se não bastassem prejuízos materiais e a perda de centenas de animais de estimação, os moradores do Sarandi também enfrentam o aumento de saques e assaltos na localidade.

O empresário Fábio Engel, de 58 anos, mora no bairro desde que nasceu. A partir da enchente, ele passou a auxiliar como voluntário em resgates. Conforme o relato dele, a ação dos grupos criminosos é o motivo que leva os residentes a permanecer nos imóveis, mesmo ilhados e sem água nem energia elétrica.

"Conheço mais de 30 pessoas que não querem deixar suas casas. Nós os chamamos de ‘teimosos’, mas entendemos que os motivos deles são justificáveis. Eles tem receio que as residências vazias facilitem invasões, e isso de fato tem ocorrido com frequência desde a inundação. São bandidos que percorrem as ruas em botes, roubam eletrodomésticos e depois fogem por rotas alternativas, onde não há policiamento”, relatou.

Além dos arrombamentos, também há relatos de assaltos a voluntários. No caso, embarcações que levam integrantes dos grupos de resgate são interceptadas por gangues que, com armas em punho, anunciam o roubo e se apropriam de celulares e outros itens dos tripulantes.

A situação fez com que policiais civis da 12ª DP se revezassem na escolta dos voluntários. Em outras palavras, um agente armado vai a bordo nas embarcações que servem para resgatar pets e moradores ilhados. Eles afirmam que a medida não foi adotada de forma institucional e ocorre por consenso, uma vez que a região é atendida pela delegacia.

Um dos profissionais que se dispôs a realizar a guarda dos voluntários é o agente Francesco Breno. Ele acompanha os barcos munido de uma pistola calibre nove milímetros, que é uma arma de uso restrito das forças de segurança.

"Eu estava de férias, mas fui convocado para trabalhar e atendi prontamente. O aumento de crimes é triste, porque os voluntários da região já são pessoas humildes e que perderam tudo. Nós, como agentes da segurança pública, viemos aqui respaldar o trabalho deles. É tudo solidariedade, seja em relação a um bicho ou a um ser humano, não deixamos nada para trás”, destacou o policial civil.

Nesta manhã, Breno acompanhava três moradores em um barco que percorria as dependências do condomínio Tenda, na avenida Souza Melo. A água ultrapassou a altura das grades e das cercas elétricas, o que possibilita que ladrões naveguem até janelas e invadam apartamentos.

Um casal que estava ilhado, mas não queria deixar o imóvel, relatou ao agente que dois assaltantes rondavam o condomínio. O policial registrou as características dos bandidos, sendo que um era negro e outro, branco, além dos dois vestirem camisetas sem mangas.

“Ainda vou retornar na parte da noite, que é o período em que há mais ação de criminosos”, disse ele aos moradores.

Breno explica que, geralmente, os ladrões usam botes infláveis. Isso ocorre porque as embarcações movidas a combustível acabam chamando atenção, por causa do barulho do motor. Outra característica dos saqueadores são remos improvisados, que na maioria das vezes decorrem de pedaços de madeira talhados a facão.

"A bandidagem sempre se adapta a qualquer situação. É por isso que a Polícia Civil se faz presente, para apoiar o povo e realizar ações contundentes de combate aos criminosos”, destacou o agente Francesco Breno.


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