Por que trabalhador que recolhia entulhos foi sentenciado à morte por grupo alvo de ação em Alvorada

Por que trabalhador que recolhia entulhos foi sentenciado à morte por grupo alvo de ação em Alvorada

Traficante conhecido como Rafinha seria liderança de facção investigada por 11 homicídios

Marcel Horowitz

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Quando um detento conhecido como Romarinho foi transferido ao sistema penitenciário federal, o crime organizado ficou sem liderança em Alvorada. Dois anos depois, em março, o período fora do estado foi encerrado com o retorno dele à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). A ausência do líder, no entanto, não impediu que outros traficantes dessem continuidade ao rastro de violência na cidade, incluindo o assassinato de um trabalhador que recolhia entulhos, encomendado por um amigo da facção que também atuava no setor e queria eliminar a concorrência.  

A morte desse homem foi um dos crimes apurados na Operação Aurora, desencadeada nesta sexta-feira para desarticular a organização criminosa, investigada por envolvimento em outros dez homicídios, ocorridos entre 2021 e 2022, no município da região Metropolitana. A ação da Polícia Civil cumpriu 29 ordens judiciais de busca e apreensão, visando colher provas contra mandantes e executores. A ofensiva, que contou com o apoio da Brigada Militar, foi uma continuidade da Operação Eleven, que resultou em 23 prisões no início de janeiro.

O delegado Edimar Machado de Souza, titular da Delegacia de Homicídios em Alvorada, destaca que a maior parte das mortes investigadas têm relação com disputas pelo controle do tráfico de drogas no bairro Americana. "A ação teve o objetivo de desarticular os criminosos, responsabilizando os suspeitos não apenas pelos homicídios, mas também por crimes conexos, como tráfico de drogas", destacou Machado, que coordenou a investida contra o grupo.

Amigo da facção encomendou homicídio 

Ainda segundo o delegado Edimar, um assassinato ocorrido em abril do ano passado, no bairro Maria Regina, se diferencia do padrão de crimes do grupo. Nesse caso, a morte de um homem de 51 anos não teria sido motivada por disputadas do tráfico, mas para eliminar a concorrência no mercado de trabalho lícito.

As investigações apontam que a vítima, apesar de ter antecedentes por homicídio e tráfico, cumpria pena em prisão domiciliar e ,há dois anos, utilizava um caminhão para prestar serviços de recolhimento de entulhos. Ele foi morto a tiros dentro de casa por quatro homens, que já foram presos.

Apesar de, inicialmente, as suspeitas da motivação do crime terem recaído sobre o passado da vítima, os policiais acabaram constatando que a morte foi encomendada por um amigo dos traficantes, que também trabalhava com a retirada de entulhos e pediu para que o concorrente fosse eliminado. 

O diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, ressalta que as metas de enfrentamento aos homicídios são identificar e responsabilizar todos os matadores e mandantes envolvidos. "Buscamos a responsabilização de toda a organização criminosa que contribui para a elevação dos crimes dolosos contra a vida", enfatizou. 

Liderança cumpre pena na PEJ

Correio do Povo apurou que o líder do grupo investigado seria um criminoso chamado 'Rafinha', que cumpre pena na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ). Ele é apontado como sendo liderança de uma facção com origem no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, mas que também criou ramificações na região Metropolitana.

A ascensão de Rafinha na hierarquia da quadrilha teria ocorrido durante o período em que o líder, Romarinho, estava no Sistema Penitenciária Federal.   


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