Protesto contra a morte de Moïse Kabagambe ocorre na Redenção, em Porto Alegre

Protesto contra a morte de Moïse Kabagambe ocorre na Redenção, em Porto Alegre

Congolês foi espancado e assassinado no quiosque Tropicália, na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro

Correio do Povo

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Acompanhando manifestações em todo o país, um ato de protesto contra a morte do congolês Moïse Kabagambe, 24 anos, foi realizado também na manhã deste sábado junto do Monumento ao Expedicionário, na Redenção, em Porto Alegre. A vítima foi espancada e morta no quiosque Tropicália, na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no último dia 24 de janeiro. A Justiça decretou a prisão dos três acusados do crime.

A mobilização na Redenção foi promovida por entidades do movimento negro e dos direitos humanos, além de associações de imigrantes e refugiados de países africanos e de haitianos. Houve discursos e exibição de faixas, bandeiras e cartazes que pediam justiça e fim do racismo e xenofobia. Representantes de entidades da sociedade civil organizada e movimentos sociais, entre outros, participaram também do ato de protesto.

Ao término do ato foi decidido que será solicitada uma reunião, para discutir políticas públicas anti racismo e de acolhimento aos imigrantes e refugiados, com o Governo do Estado e Prefeitura de Porto Alegre, juntamente com Ministério Público e Defensoria Pública nas esferas estadual e federal.

O coordenador do movimento Vidas Negras Importam, sociólogo Gilvandro Silva Antunes, considerou que a morte de Moïse foi “brutal” e um “linchamento público”. Lembrando que o assassinato indignou o país inteiro, o ativista enfatizou que o crime “mostrou a condição em que o negro vive no Brasil”.

Ele afirmou ainda que, no caso do negro ser um imigrante ou refugiado de um país africano, a pessoa “sofre uma dupla violência que é o racismo e a xenofobia”. Gilvandro Silva Antunes observou que, no caso do Rio de Janeiro, os autores do crime sabiam que a vítima era congolesa. “Se acham superiores com certeza”, acrescentou.

“Ninguém lincha em praça pública sem ter um sentimento de impunidade, que vem de um sentimento de superioridade”, frisou o coordenador do movimento Vidas Negras Importam. “Temos uma certeza que esta demonstração pública de linchamento foi para dar um exemplo: para mostrar que o negro quando se revolta está sujeito à violência…”, destacou. 

“O linchamento sempre foi uma arma de medo usada contra a população”, recordou o sociólogo.  “O Brasil da democracia racial e acolhedor caiu por terra..”, concluiu o ativista. “Eu sei de perto o drama do povo congolês e sei o quanto é importante um país recebê-los de forma acolhedora”, complementou.

Foto: Alina Souza


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