Rio Grande do Sul atinge a maior população carcerária de sua história

Rio Grande do Sul atinge a maior população carcerária de sua história

Mais de 36 mil pessoas estão presas entre os sistemas fechado e semiaberto

Eduardo Paganella / Rádio Guaíba

Mais de 36 mil pessoas estão presas entre os sistemas fechado e semiaberto

publicidade

Um levantamento da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), realizado a pedido da Rádio Guaíba, aponta que o Rio Grande do Sul atingiu, no final do mês de maio, a maior população prisional de sua história. São 36.142 pessoas detidas. O número inclui homens e mulheres de todos os regimes penais. O dado não leva em consideração, por exemplo, as mais de 200 pessoas detidas em Delegacias de Polícia e que aguardam vaga no sistema prisional gaúcho.

Cerca de 70% das pessoas que estão nos presídios são reincidentes. Mais de 60% dos presos têm apenas regime fundamental completo. Do total de presos, a estimativa é de que menos de 10% esteja estudando e cerca de 30%, trabalhando.

A reportagem da Rádio Guaíba repercutiu o recorde de presos no sistema prisional gaúcho com o secretário de Segurança Pública do Estado, Cezar Schirmer. Questionado se a nova marca é considerada positiva ou negativa pela pasta, o secretário ponderou aspectos bons e ruins.

“A resposta não pode ser absoluta. Ela é positiva por uma razão óbvia: quanto menos criminosos estiverem na rua, mais segurança para a população. Ela revela um trabalho intenso no sentindo de realizar as nossas funções, de prender quem tem que ser preso. Tem um lado negativo. Que é o fato de as nossas cadeias estarem superlotadas. Não é só o Rio Grande do Sul, mas o Brasil. Mas se considerarmos o número de encarcerados pela população, somos o 31º país do mundo. Isso revela que já uma necessidade de colocar nas prisões um número ainda maior. Mas não tem onde colocar. Durante muitas décadas, descuidou-se da segurança pública e do sistema prisional. E deu no que deu. O que estamos fazendo é tentar recuperar o tempo perdido. Vamos anunciar nos próximos dias novos presídios, mas diante da escassez de recursos, aquém do necessário. De qualquer forma, a notícia é positiva porque há menos gente perigosa na rua cometendo crimes e violência”, disse.

O governo gaúcho informou, recentemente, que devem ser anunciadas as construções de três novos presídios. Os espaços devem ser regionalizados e não abrigarão uma grande quantidade de presos. Além disso, a Secretaria de Segurança Pública deverá liberar novas vagas na penitenciária de Canoas. Questionado se o sistema carcerário superlotado prejudica na ressocialização do preso, Schirmer disse que no Brasil não há recuperação de presos.

“Na verdade, não há recuperação porque, por exemplo, aqui no Rio Grande do Sul, 69% dos apenados voltam ao crime. A superpopulação do sistema prisional é muito ruim e não ajuda a recuperar nada. Segundo, a mistura de presos de diferentes periculosidades. Um preso recém iniciando na trilha do crime é colocado na mão de alguém do crime organizado e ele sai pior ainda. Então, as prisões são escolas de criminalidade. E terceiro, o que recupera e ressocializa é a presença das famílias. A ideia para o futuro é presídios regionais menores. Além disso, educação. A maioria dos apenados é de semianalfabetos. Também é preciso trabalho. Quando eles saem do presídio, têm muita dificuldade de trabalhar. Eles têm muita dificuldade de conseguir emprego depois da prisão. Um outro fator é a religião. As religiões têm papel muito importante nesta área”, destacou Schirmer.

A reportagem também tentou repercutir o tema junto à Superintendência de Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul, mas a assessoria de imprensa da Susepe informou que a responsável pelo órgão, Marli Ane Stock, não concederá entrevista.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895