“RS não tolera mortes”, diz delegado após prisão de traficante investigado por 30 homicídios

“RS não tolera mortes”, diz delegado após prisão de traficante investigado por 30 homicídios

Delegado Rafael Pereira coordenou ação que prendeu criminoso responsável por mortes em Porto Alegre, Viamão, Canoas e Alvorada

Marcel Horowitz

Traficante conhecido como Red foi preso em Santa Catarina

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A prisão de Maicon Donizete Pires dos Santos, o 'Red', deve reduzir os homicídios em Porto Alegre e na região Metropolitana, estimam as forças policiais. Apontado como fugitivo mais procurado da Capital, ele é investigado por envolvimento em pelo menos 30 mortes. A prisão dele ocorreu na quarta-feira, em Santa Catarina, mas foi anunciada hoje. Policiais civis do RS e SC participaram da operação.

Procurado desde setembro, Red, de 32 anos, foi preso pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa. A investigação que resultou na prisão dele foi da Delegacia de Homicídios em Viamão, coordenada pelo delegado Rafael Pereira, diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana.

"Ele foi responsável por inúmeras mortes, direta e indiretamente. A prisão dele é um recado claro: não toleramos mortes, o RS não tolera mais mortes. Quem insistir em ordenar execuções vai ser preso. Vamos prender executores, mandantes e líderes de facção, que se beneficiam de conflitos por territórios”, afirmou o delegado Pereira.

O delegado também contou que o fugitivo era monitorado por meses, antes de ser preso. "Os policiais da Delegacia de Homicídios de Viamão descobriram o paradeiro do criminoso e fizeram um ‘raio x’ da rotina dele. Após seis meses, através de modernas técnicas de investigação 'de rua', como chamamos, eles conseguiram ter êxito nas buscas", destacou.

O delegado Luiz Schaefer Junior, titular da DP Garopaba relata que os policiais catarinenses foram contatados no começo de fevereiro pelos agentes gaúchos. “Eles pediram apoio na captura do foragido e assim se iniciou uma operação em conjunto. Após diversas diligências, policiais civis de Garopaba o prenderam em uma farmácia da região central da cidade”, contou.

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, a prisão de Red era vista como fundamental para a queda nos índices criminais.

“Essa era a prisão mais importante para reduzir homicídios em Porto Alegre, Viamão, Canoas e Alvorada. Ele cuidava da parte financeira de uma facção, mas deu um golpe e se apropriou do dinheiro. A tentativa dele em criar um novo grupo criminoso resultou em um conflito, que gerou mortes”, disse o titular da Segurança.

Guerra do tráfico

A Polícia Civil indica que Red é pivô de uma guerra entre facções no bairro Mario Quintana, na zona Norte de Porto Alegre. Ele também é apontado como fundador da quadrilha Comando Nova Geração.

Antes de formar um grupo próprio, Red atuava como gerente de uma facção com berço no bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas que também tem atuação na zona Norte. Nesse período, ele ainda era subordinado a José Dalvani Nunes Rodrigues, o 'Minhoca', preso em 2016, no Paraguai. No ano seguinte, houve a transferência dele para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde permanece.

As investigações revelaram que a ausência do líder fez com que Red expandisse sua influência na zona Norte, a ponto de sair do grupo e formar uma nova quadrilha, intitulada ‘Comando Nova Geração’. Desde então, ele teria se aliado a traficantes das vilas Jardim e Cruzeiro, além de grupos do Loteamento Timbaúva, para fazer frente ao poder bélico da antiga facção.

Bruxo da Safira

Segundo a Polícia Civil, o grupo de Red chegou a movimentar aproximadamente R$ 1 milhão por semana, após tomar pontos de tráfico no bairro Mário Quintana. Os entorpecentes, na maior parte, vinham de países vizinhos.

O criminoso também é conhecido também como "Bruxo da Safira" — em referência ao tráfico na Vila Safira. Ele acumula delitos há pelo menos 13 anos, respondendo, além de homicídios, por lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo.

Apesar dos antecedentes, o criminoso foi preso apenas uma vez, em 2010, sendo colocado novamente em liberdade onze meses depois.


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