Sensação de insegurança na região Norte é o dobro de quem vive no Sul do país, aponta IBGE

Sensação de insegurança na região Norte é o dobro de quem vive no Sul do país, aponta IBGE

Mais de 5 em cada 10 moradores do Norte se sentem inseguros nas cidades. No Sul, quase 3 em cada 10 se sentem desprotegidos

R7

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A sensação de insegurança na região Norte é o dobro de quem vive no Sul do País, de acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta quarta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre os que vivem em estados do Norte, 55,7% indicam se sentir inseguros, enquanto que, nos estados do Sul, esse percentual é de 28,4% — o menor entre todas as regiões do país pesquisadas pelo instituto. 

Por outro lado, pensando pelo lado positivo, 71,6% dos habitantes do Sul se sentem seguros, 83% com sensação de segurança nos bairros e 92%, nos domicílios. No Norte, 44,3% se sentem em segurança nas cidades, 63,9% nos bairros e 85,2% dentro de casa.

Esta é a primeira vez que a Pnad apresenta dados sobre a sensação de segurança em todo o país. A pesquisa apresenta indicadores sobre a qualidade de serviços públicos, a ocorrência de crimes nas proximidades de casa, a confiança em pessoas e instituições, além da mudança de hábitos devido à insegurança.

O estudo constatou que a sensação de insegurança pode variar, e muito, conforme a localidade analisada, seja no bairro, seja na cidade ou até mesmo dentro dos próprios domicílios.

A 16ª edição do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgada em junho deste ano, confirma a sensação de insegurança principalmente entre a população do Norte, isso porque, de acordo com os dados, só a região da Amazônia Legal tinha 13 das 30 cidades mais violentas do Brasil.

Segundo os dados, quando questionados sobre a sensação de insegurança em bairros das cidades do Norte, 63,9% dos moradores afirmaram se sentirem protegidos em seus distritos.

Em relação às residências, 85,2% se sentem seguros em suas moradias, os demais, por terem passado por traumas como invasões com roubos e furtos, temem pela vida, mesmo no local onde mais deveriam se sentir em segurança. 

Sensação de segurança nas demais regiões do Brasil

Logo depois do Norte, vem o Nordeste liderando os menores índices de sensação de segurança no país, com apenas 47,9% da população sentindo-se realmente protegida. Na sequência vem o Sudeste (54%), Centro-Oeste (60,5%) e, por fim, o Sul, que, de todas as regiões, tem o maior número de moradores que se sentem seguros (71,5%).

Em todo o país, a pesquisa mostra que 28,8% das pessoas não se sentem seguras ao andar sozinhas. Segundo os dados da Pnad, 51,7% se sentem inseguros para caminhar sozinhos durante a noite e 20,3% não se sentem protegidos para caminhar durante o dia. A Pnad também pesquisou a sensação de segurança com o recorte cor e raça e concluiu que entre pessoas brancas a sensação de segurança é de 73,8% e entre pessoas negras, de 69,3%.

O estudo mostrou ainda que, em território nacional, existe uma clara distinção sobre o grau de segurança em diferentes períodos do dia. Sob este aspecto, a região norte também apresentou os índices mais baixos de sensação de segurança ao andar sozinho nas proximidades de casa. Somente 39,6% se sentem seguros para circular sem companhia durante a noite e 75,8% se sente bem para caminhar sem ninguém a luz do dia.

No sul, mais uma vez, os indicadores mostram a melhor sensação de segurança, seja durante o dia (88%), seja durante a noite (61,9%).

A sensação de segurança também pode varir conforme o local que a pessoa estiver. A pesquisa revelou que a maior parte das pessoas (89,5%) se sentiam mais seguras em 2021 dentro de casa do que nos bairros. Os homens, em geral, se sentem mais seguros do que as mulheres dentro de casa, nos bairros e nas cidades onde vivem.

O levantameno concluiu ainda que o uso de dispositivos ou funcionários para segurança nas casas teve sensação de segurança. Segundo a Pnad, 89,7% das pessoas se sentiam seguras em casas com pelo menos um dispositivo de segurança contra 89,1% de moradores que não faziam uso de nenhuma ferramenta de segurança.

O levantamento mostrou ainda que a vitimização por furto ou roubo é um fenômeno que influencia a sensação de segurança da população e que pode estar relacionada ao aumento do medo e a um menor grau de segurança percebido. Para se ter ideia, no caso de furto, o percentual de pessoas não vítimas que se sentiam seguras ao andarem sozinhas perto de casa foi de 71,4%, ao passo que o das pessoas que foram vítimas de furto fora da residência foi de 49,3%.

No caso de roubos, 71,6% das não vítimas e 37,6% das vítimas se sentiam seguras ao andarem sozinhas nas proximidades de casa. Isso mostra, segundo o estudo, que a vitimização tende a reduzir a sensação de segurança.

Para compreender quais fatores estariam relacionados à sensação se segurança o estudo também investigou o entorno das casas e a existências de serviços públicos nessas regiões. De acordo com o policiamento é um dos serviços que apresentou maior impacto na sensação de segurança: 80,8% das pessoas se sentem seguranças ao andar sozinhas nas redondezas da casa quando há a presença de forças de segurança.

Outro fator que impacta na sensação de segurança é o que a pesquisa chama de "incivilidade" nas proximidades da casa. O fator que mais pesou sobre a sensação de segurança foi a existência de prostituição na rua, que reduziu para 50,4% o percentual das pessoas que se sentem seguras. A incivilidade que pareceu menos afetar a sensação de segurança foi a presença de terrenos baldios ou lotes abandonados.

A existência de crimes ou violências nas proximidades de casa também influencia de forma acentuada na sensação de segurança da população. Os fatores que mais impactam nessa sensação são a troca de tiros ou brigas com armas de fogo, assaltos ou roubos com violência e a presença de pessoas, que não são agentes de segurança, andando nas ruas com armas de fogo.

A pesquisa perguntou ainda sobre o nível de confiança nas instituições e a identificada como a mais confiável foi o Corpo de Bombeiros, com 87,1%. As polícias civil e militaar apresentaram níveis de confiança de 66,9% e 66,3%.

Por fim, a pesquisa investigou também a percepção de risco alto ou médio de os entrevistados se tornarem vítimas de algum tipo de crime ou violência. Segundo o Pnad, 40% dos entrevistados acreditam que tem mais chances de serem assaltados ou roubados com violência na rua, 38,1% acreditam terem mais chances de serem assaltados no transporte coletivo, 37,2% acham que podem ter o carro, moto ou bicicleta roubados, 29,5% teme ter a casa roubada ou furtada. Os percentuais menores acreditam em outros tipos de violações como serem vítimas de agressão sexual, violência policial ou ainda estar no meio de um tiroteio.

A partir dos dados, a pesquisa também revelou que muitas pessoas mudaram os hábitos em função da sensação de segurança. A maioria dos entrevistados disse que passou a evitar chegar ou sair muito tarde de casa, ir a caixas eletrônicos de rua à noite, usar o celular em local público, não frequentar lugares com poucas pessoas circulando, usar joias ou objetos de valor, usar transporte coletivo e até evitar redes sociais e internet. 


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