Sete PMs são indiciados por tortura em Canela

Sete PMs são indiciados por tortura em Canela

Homem e criança foram vítimas do crime em julho de 2014

Halder Ramos

Delegado Medeiros (E) e delegada Elisangela falam sobre os indiciamentos

publicidade

Sete policiais militares (PMs) foram indiciados pela Polícia Civil pelo crime de tortura. A ação ocorreu na localidade de Linha São Paulo, interior de Canela, na Serra. Um suspeito de tráfico de drogas e uma criança teriam sido torturados. O crime teria ocorrido em julho de 2014. Segundo a Polícia Civil, os policiais militares teriam perseguido uma motocicleta, cujo condutor teria fugido. Este entrou em uma residência e foi seguido pelos PMs, que invadiram a propriedade. De acordo com os PMs, no local foi encontrado 1,1 quilo de maconha. A droga estava em uma mesa. No entanto, as vítimas denunciaram que os policiais agrediram o filho do suspeito — um menino de 10 anos — para descobrirem o paradeiro da droga. “Mesmo com a droga estando na sala do imóvel, o procedimento (prisão) levou pelo menos quatro horas para ser levado ao conhecimento da Polícia Civil”, afirmou o delegado Vladimir Medeiros, titular da DP Canela.

Segundo Medeiros, os soldados do 1º BPat teriam interrogado a criança, que revelou não ter conhecimento do tráfico. Em função da negativa, os policiais militares teriam colocado um saco plástico na cabeça do menino, desferido tapas em sua nuca e o empurrado. O garoto teria sido obrigado a caminhar descalço por cerca de uma hora, com armas apontadas para a sua cabeça. “Vítimas e testemunhas relatam que o menino e o homem foram submetidos a intenso sofrimento físico e mental”, afirmou Medeiros.

A Polícia Civil também anexou ao inquérito laudo técnico atestando que o garoto passou a ter problemas psíquicos e de convívio social após a ocorrência. “Houve necessidade de acompanhamento médico e uso de medicamentos”, contou o policial. “O que deixa claro o sofrimento intenso de ordem mental que teve o menino.”

Conforme o delegado, um dos PMs envolvidos foi reconhecido pelas vítimas como autor das agressões. O homem foi indiciado com duas agravantes: crime contra criança e pelo fato de ser um agente público. Os outros seis foram indiciados por tortura e omissão. 

Medieval

Para a delegada Elisangela Reghelin, da Delegacia Regional, o crime é extremamente grave. “Tortura é um método medieval”, acentuou a delegada. Elisangela lembrou que a investigação do crime foi dificultada pela “falta de cooperação” da Brigada Militar. Os policiais militares, ressaltou ela, não prestaram depoimento na DP sobre o episódio. “As versões dos PMs foram repassadas a partir do IPM, mas somente após determinação judicial”, criticou a delegada. “Tentamos contato com o comando do 1º BPat para os PMs prestarem depoimento, mas não obtivemos sucesso.”

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895