Sete PMs são indiciados por tortura em Canela
Homem e criança foram vítimas do crime em julho de 2014
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Segundo Medeiros, os soldados do 1º BPat teriam interrogado a criança, que revelou não ter conhecimento do tráfico. Em função da negativa, os policiais militares teriam colocado um saco plástico na cabeça do menino, desferido tapas em sua nuca e o empurrado. O garoto teria sido obrigado a caminhar descalço por cerca de uma hora, com armas apontadas para a sua cabeça. “Vítimas e testemunhas relatam que o menino e o homem foram submetidos a intenso sofrimento físico e mental”, afirmou Medeiros.
A Polícia Civil também anexou ao inquérito laudo técnico atestando que o garoto passou a ter problemas psíquicos e de convívio social após a ocorrência. “Houve necessidade de acompanhamento médico e uso de medicamentos”, contou o policial. “O que deixa claro o sofrimento intenso de ordem mental que teve o menino.”
Conforme o delegado, um dos PMs envolvidos foi reconhecido pelas vítimas como autor das agressões. O homem foi indiciado com duas agravantes: crime contra criança e pelo fato de ser um agente público. Os outros seis foram indiciados por tortura e omissão.
Medieval
Para a delegada Elisangela Reghelin, da Delegacia Regional, o crime é extremamente grave. “Tortura é um método medieval”, acentuou a delegada. Elisangela lembrou que a investigação do crime foi dificultada pela “falta de cooperação” da Brigada Militar. Os policiais militares, ressaltou ela, não prestaram depoimento na DP sobre o episódio. “As versões dos PMs foram repassadas a partir do IPM, mas somente após determinação judicial”, criticou a delegada. “Tentamos contato com o comando do 1º BPat para os PMs prestarem depoimento, mas não obtivemos sucesso.”