SindBancários registra 47 ataques a bancos em dois meses no RS

SindBancários registra 47 ataques a bancos em dois meses no RS

Alguns funcionários se afastaram após desenvolver síndrome do pânico

Correio do Povo

SindBancários registra 47 ataques a bancos em dois meses no RS

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Nos últimos anos, o ataque a bancos tem chamado a atenção da população gaúcha e espalhado insegurança aos bancários. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região Metropolitana (SindBancários), os dois primeiros meses deste ano constituem um recorde em relação às ações criminosas em agências no Estado. Nos primeiros 60 dias do ano, o sindicato registrou 47 ataques a bancos.

O percentual é 27% superior aos dois primeiros meses de 2015, e 59% acima da média registrada desde 2007. O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, ressalta que a violência está aprofundada em todos os setores. “Vários bancários se afastam por síndrome do pânico, devido às ocorrências de roubo a bancos. Alguns já foram assaltados três vezes”, afirmou.

Além dos roubos em agências, o presidente do sindicato também revela que há colegas que tiveram familiares sequestrados com o objetivo de extorquir dinheiro. “Já ouvi relatos de que, quando alguém fala alto na agência, os funcionários ficam assustados, pensando que é um assalto”, relatou. “Os bancários estão com medo. E não apenas por estarem expostos nos locais de trabalho, mas estão temerosos de sair de casa e ir para o serviço”, acrescentou.

O presidente ainda conta que os profissionais da área estão sofrendo cada vez mais de doenças psicológicas, nos últimos anos. Antigamente, salienta ele, os funcionários de banco sofriam com doenças devido ao esforço repetitivo. Hoje, além da pressão pelo cumprimento de metas, a violência está agravando o estado de saúde.

O sindicalista considera difícil encontrar algum profissional que não tenha presenciado um assalto em sua agência. “Nunca esteve tão alto o número de bancários encostando-se no INSS por ansiedade ou depressão. Mais da metade da categoria toma remédios de tarja preta”, salientou. Segundo Gimenis, em governos estaduais anteriores, havia um grupo para discutir a segurança. Esse era integrado por representantes dos bancários, da Brigada Militar, da Polícia Civil, dos bancos e dos vigilantes.

Bancos da Serra são os mais visados


A Polícia Civil admite que houve um aumento dos ataques a bancos no Rio Grande do Sul neste ano. Entretanto, os policiais ressaltam existir variações quando os tipos de assaltos são relativizados com a violência contra os funcionários de bancos e a população em geral. Segundo o delegado Joel Wagner, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), os dois primeiros meses deste ano revelaram um aumento dos furtos qualificados, com o uso de maçarico e explosões de agências. Já os roubos, que envolvem funcionários e clientes, estão em declínio.

“O roubo chama atenção pela conduta grave. É uma ação pontual. De maneira geral, temos uma redução deste tipo de ataque a banco desde o ano passado. Atualmente, o único lugar com um índice alto de incidência é a região da Serra”, disse o delegado. Pelo menos sete ataques realizados em municípios da Serra neste ano seriam de responsabilidade de uma mesma organização criminosa. “São ataques com características muito semelhantes. Eles duram entre dois e três minutos e somente o dinheiro dos caixas é levado. São quantias irrisórias, já que a organização não tem acesso ao cofre ou caixas eletrônicos”, contou Wagner.

As ocorrências que envolvem a explosão de agências ou o arrombamento de caixas eletrônicos causam mais preocupação à Polícia Civil. “As explosões são mais graves, levando em consideração que este é um ataque à coletividade”, afirmou Wagner. Os furtos qualificados têm sido frequentes no Estado. A ação que envolve o uso de maçarico para acessar o interior de caixas eletrônicos é de responsabilidade, principalmente, de criminosos de Santa Catarina, segundo o delegado. “Esses bandidos são da região de Joinville. Eles são especializados neste tipo de ataque e frequentemente praticam este crime no Estado”, ressaltou Wagner.

O chefe da Comunicação social da Brigada Militar, tenente-coronel João Henrique Gomes Botelho, considera que a ação policial ostensiva tem mais resultado nos casos de roubo. “A BM tem se utilizado do serviço de inteligência para estudar as formas de atuação das quadrilhas, além de identificar os municípios mais vulneráveis”, ressaltou o oficial.

Gangue presa no interior

Assim como as ocorrências de roubo a bancos são pontuais no Rio Grande do Sul, os outros tipos de ataques também revelam fontes diferenciadas. Se uma organização criminosa é responsabilizada pela maioria dos roubos em agências da Serra, também há organizações que são responsáveis por uma grande parcela dos outros tipos de ataques a bancos.

Neste ano, o Deic realizou a prisão de duas quadrilhas que tinham impacto considerável no volume de ocorrências. Enquanto uma era especializada na explosão de agências, a outra realizava furtos usando maçarico. No dia 7 de fevereiro, a quadrilha do criminoso Mack foi desarticulada em Mormaço, no Norte do RS. “Considerava ele o criminoso número um do Estado em relação a ataques a bancos”, disse o delegado Joel Wagner.

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