Sob protestos, madrasta depõe e acompanha policiais na reconstituição do caso Miguel

Sob protestos, madrasta depõe e acompanha policiais na reconstituição do caso Miguel

Companheira da mãe, Bruna Nathiele Porto da Rosa, e mãe do menino, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, são rés por tortura, homicídio e ocultação de cadáver


Correio do Povo

Reconstituição aconteceu na noite desta segunda-feira

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A Polícia Civil começou, na noite desta segunda-feira, a reconstituição do caso do menino Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos. A madrasta do menino, Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23 anos prestou depoimento e acompanhou a reprodução do episódio na rua Sapucaia, no apartamento alugado onde morou com Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Miguel. Yasmin e Bruna estão presas após a criança ter sido jogada na noite de 29 de julho na beira do rio Tramandaí, em Imbé.

Antes de Bruna iniciar a reprodução simulada, servidores do IGP realizaram uma tomada aérea do trajeto de ida e volta que o casal fez na noite do crime até a beira do rio. "Confirmamos este caminho por meio de câmera de segurança. Por ventura, podem aparecer fatos novos, como saber exatamente como o menino teve os ossos quebrados para conseguir entrar na mala", projetava o delegado antes da reconstituição. 

A mala utilizada no crime integrou os trabalhos de reconstituição. Ractz não tem dúvida de que Miguel foi colocado no interior do objeto para ser jogado no rio. "Além de tudo, ainda estava desnutrido. Foram encontrados vestígios que comprovam a presença do menino ali dentro", disse o delegado, que não escondeu a indignação com as torturas sofridas por Miguel.

Segundo o promotor André Luiz Tarouco, que denunciou mãe e madrasta pelo crime, o Ministério Público já tem todos os elementos para levar o caso a juri. "Em um prognóstico bem otimista, já que as rés estão presas, o que torna processo mais célere, o julgamento pode acontecer até metade do ano que vem", projeta.

A rua Sapucaia foi fechada, enquanto um número maior de pessoas se concentrava na esquina com a avenida Paraguassu. Moradores se dividiam entre revoltados e curiosos pela presença maciça de viaturas de órgãos de segurança no local. Vizinha da pousada onde viviam os envolvidos no caso lamentava a situação. "Muito triste tudo o que aconteceu, como sofreu essa criança", suspirou a senhora, sem se identificar. "Elas têm que pagar pelo que fizeram. Não pode ficar assim", exclamou outra moradora, que também quis se manter anônima.

O relógio marcava 21h quando apareceram os primeiros cartazes pedindo justiça. A avenida Paraguassu, na esquina que dá acesso à praça em que se localiza o Centro Administrativo da prefeitura de Imbé, foi fechada para que Bruna, após relatar o que houve dentro da pousada, percorresse o caminho que fez ao lado de Yasmin na madrugada de 29 de julho.

Às 21h20, sob gritos de "assassina", "monstro" e termos chulos, Bruna iniciou o trajeto, exercendo o seu papel na reconstituição. Na primeira quadra, parou diversas vezes, demonstrando emoção durante o trabalho. O delegado precisou conter a fúria dos presentes, pedindo silêncio para que a reconstituição pudesse continuar.


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