Sumiço de gaúcha em São Paulo completa dois anos

Sumiço de gaúcha em São Paulo completa dois anos

Beatriz Winck desapareceu durante viagem religiosa em Aparecida<br />

Hygino Vasconcellos

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Completou nesta terça-feira dois anos do desaparecimento da gaúcha Beatriz Winck, na época com 77 anos. O paradeiro ocorreu durante uma viagem religiosa dentro do Santuário Nacional de Aparecida, na cidade de Aparecida, interior de São Paulo. Ela sumiu da porta de uma loja no Santuário, onde o marido, Delmar Winck, 83, fazia compras.

Depois do sumiço, buscas foram realizadas na região, pela família e pela polícia local, mas não foi encontrado nenhum vestígio da senhora, moradora de Portão, no Vale do Sinos. Até hoje, Delmar espera encontrá-la: “Meu sentimento é cada vez mais catastrófico. Estou em situação de grande saudade, de um vazio no corpo pela falta da minha companheira. A gente nunca imagina que isso vá acontecer com a gente”. Devido ao incidente, Delmar passou a tomar três tipos de remédios, entre antidepressivos e calmantes, que não são suficientes para suportar a dor da perda. “Choro todos os dias e rezo muito para que ela seja encontrada.”

A esperança do reencontro move Delmar. Ainda hoje, quando os ponteiros do relógio se aproximam das 16h – horário em que a senhora teria desaparecido –, o portonense se relembra da última feição de Beatriz: de braços cruzados o aguardando “tranquilamente” na porta da loja. “Estávamos a pouco mais de 10 metros”, lamenta.

Além de Delmar, o próprio promotor de Portão, Pietro Chidichimo Junior, acredita que Beatriz esteja viva e possa ser encontrada. Sem dar muitos detalhes sobre a investigação, ele afirma que “está muito perto de encontrá-la”. “Estamos bem próximos do fim. É o que a investigação está nos mostrando. Posso dizer que vai haver uma surpresa no caso, se as coisas se confirmarem.”

Chidichimo adianta que “pessoas estão sendo monitoradas”, sem poder revelar de quais cidades. O promotor disse que não viu necessidade de ir para São Paulo, como tinha anunciado há um ano, no primeiro “aniversário” do sumiço de Beatriz.

A reportagem tentou contato com a delegada Maria Helena do Nascimento, titular da 4ª Delegacia de Pessoas Desaparecidas, que preside o inquérito. Entretanto, a assessoria de imprensa da Secretária de Segurança Pública de São Paulo informou que a policial não falaria sobre o caso. Foi encaminhado uma nota, assinada pela informações da delegada Ana Lúcia Lopes Miranda, auxiliar de Maria Helena, esclarecendo que as investigações sobre o caso continuam. “Familiares foram ouvidos e diligências estão sendo realizadas, inclusive para checar denúncias anônimas. Foram feitas buscas em hospitais e Institutos Médicos Legais (IMLs) de São Paulo e outros estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além de abrigos.”

Ainda segundo a nota, foram encaminhadas cartas precatórias a seis cidades do Rio Grande do Sul, para que sejam colhidas declarações dos passageiros da excursão realizada por Beatriz em 2012, para esclarecer o seu desaparecimento.

Filho percorreu mais de 5 mil quilômetros

Um dia após o paradeiro, o filho de Beatriz, o técnico químico João Winck, 55 anos, foi para São Paulo em busca da mãe, onde permaneceu até a véspera do Natal de 2011. Mas poucos dias depois, já estava de volta a terra desconhecida. E foi entre indas e vindas para o Rio Grande do Sul, que João somou mais de 200 dias em busca da mãe. Em uma dessas expedições, o técnico químico percorreu mais de 5 mil quilômetros em um carro alugado, entre cidades do Vale do Paraíba, onde fica Aparecida, e locais distantes como a Serra paulista a até a divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Mas na maioria das vezes, João recebia carona da população local para tentar encontrar a mãe no interior e periferia de Aparecida; e nos municípios vizinhos. Pelo caminho foram encontradas uma dezena de pessoas que pareciam com Beatriz, mas que só na idade avançada se assemelhavam. Cada nova coincidência era marcada pela apreensão da família, mas que era esvaziada após a pessoa encontrada não ser a Beatriz. “Foi e continua sendo um desgaste muito grande para todos”, confessa João.

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